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Marcelo sobre renovação do Estado de Emergência: “É preciso criar confiança sem passos precipitados e contraproducentes”

O chefe de Estado apontou três razões para a renovação dessa ordem de exceção e sublinhou que os próximos quinze dias são cruciais para que maio seja a “ponte entre o dever e a esperança”. Marcelo Rebelo de Sousa diz ainda que esta renovação vai permitir dar “tempo e espaço” ao Governo para definir critérios de reabertura da sociedade e economia.
Miguel Figueiredo Lopes/Presidência da República handout via Lusa
16 Abril 2020, 20h20

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou esta quinta-feira que é essencial criar segurança e confiança nos portugueses “sem se correr o risco de passos precipitados e contraproducentes”. O chefe de Estado considera essencial reduzir o número de internados, garantir a proteção em lares e sublinhou que os próximos quinze dias são cruciais para que maio seja a “ponte entre o dever e a esperança”.

Num discurso ao país, o chefe de Estado apontou três razões para a renovação do Estado de Emergência. “Primeiro, a nossa tarefa nos lares não desperdiçou um minuto, mas precisa de mais tempo. Detetar, despistar, isolar, preservar é importante para que quem lá está e lá vive, mas é também importante para quem está cá fora, pertencendo ou não aos grupos de risco. Consolidar essa tarefa, em clima de contenção, ainda é imperativo”, disse.

Marcelo Rebelo de Sousa apontou como segunda razão o facto de ser necessário “estabilizar o número diário de internamentos gerais e internamentos nos cuidados intensivos”, apesar de Portugal ser “o quarto país da Europa que mais testa por habitante”. Isto para “assegurar que o nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS) estará em condições para responder à evolução do surto em caso de aumento progressivo dos contactos sociais”.

“Uma coisa é conviver com o vírus em atividade precavidamente aberta sabendo que a situação está controlada e que existe um sistema de vigilância e proteção e regras de comportamento já adquiridas. Outra bem diferente é provocar recuos e recaídos já experimentados em sociedades que conhecemos”, referiu.

Por último, o Presidente da República sublinhou que é preciso “criar segurança e confiança” nos portugueses para que “possam sair de casa” e “irem reatando paulatinamente a sua vida”, mas “sem se correr o risco de passos precipitados ou contraproducentes”.

Mas “será que maio poderá suscitar às expectativas suscitadas?”, questionou. “Conhecem a resposta. Tudo dependerá do que conseguirmos alcançar até ao fim de abril. Isso será medido dentro de duas semanas e do bom senso com que gerirmos uma abertura sedutora mas complexa”, disse.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, a expectativa é que se “conjugue de um lado a compreensão do dever a cumprir e do outro muita esperança”. “Maio tem de ser a ponte entre o dever e a esperança”, sublinhou.

“A presente renovação do Estado de Emergência está pensada de tal modo que dá tempo e espaço ao Governo para definir critérios, isto é, para estudar e preparar para depois do fim de abril ter lugar a abertura gradual da sociedade e da economia, atendendo ao tempo, modo, territórios, áreas e setores”, acrescentou o chefe de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa deixou ainda uma palavra aos mais idosos para que “não tenham receio” e sublinhou: “Ninguém minimiza a vossa entrega de várias décadas, tal como ninguém vos quer encerrar num gueto, dividindo os portugueses entre aqueles que resistem e são imprescindíveis e os frágeis que são descartáveis. Cuidar de vos é diferente de vos menorizar”, salientou.

O chefe de Estado disse ainda que admira a capacidade dos mais jovens de “reagir ao maior e, para muitos, o mais incompreensível choque da sua vida”. Disse ainda que será “o primeiro a testemunhar” como foi essencial o papel dos autarcas no combate à pandemia.

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