O jornal Público avançou hoje que Carlos Tavares, presidente da CMVM em 2014, terá sabido em fevereiro de 2014 de desconformidades nas contas da Espírito Santo Internacional (ESI), principal holding do Grupo Espírito Santo (GES).
Mas o gestor veio hoje a público garantir que só soube da situação em maio quando a “CMVM exigiu a inclusão no prospeto do aumento de capital do BES da informação sobre todos os problemas detectados nas contas da ESI e os riscos resultantes dessa situação. Como o prova o facto de o prospecto ter sido aprovado em 20 de Maio e conter a informação relevante e conhecida à data”.
“Acresce, que ainda durante o aumento de capital e dentro do período de revogabilidade das ordens, a CMVM obrigou a ESFG a emitir um comunicado de Informação Privilegiada (29 de Maio) sobre a conclusão da segunda fase do trabalho de revisão da KPMG relativa às demonstrações financeiras consolidadas pró-forma da Espírito Santo International, S.A. (“ESI”), dotando assim o mercado de toda a informação disponível”, de acordo com um comunicado do atual presidente do Banco Montepio.
Carlos Tavares aponta que “foram estes os factos que relatei rigorosamente à Assembleia da República no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso do Banco Espírito Santo e que estão documentados factualmente e que foram ignorados pelo Jornal Público que colocou em causa não só o meu bom nome e a minha honra, mas também o da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários”.
Segundo o jornal Público, o Ministério Público terá sabido das desconformidades nas contas através da consultora KPMG, que auditava as contas do BES e do BES Angola. De acordo com o matutino, os responsáveis da KPMG reuniram com Carlos Tavares, então presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), em 11 de fevereiro de 2014, o que o gestor nega agora.
Em novembro de 2014 o agora chairman do Montepio disse no Parlamento que só soube do risco de crédito em 10 de junho. “Há uma carta que nós recebemos a 10 de junho, que é uma comunicação muito importante dos auditores” onde está referido o “aumento da exposição do BES ao GES”, disse.
O gestor referiu, ainda, no Parlamento, que “não teria autorizado” o aumento de capital, anunciado em maio desse ano, se tivesse conhecimento do risco de crédito de exposição para o BES. O BES anunciou que iria avançar com um aumento de capital de 1,045 mil milhões de euros, em maio de 2014.
A esse propósito, Carlos Tavares refere agora que “a carta da KPMG recebida pela CMVM e pelo Banco de Portugal em junho [de 2014], a que terei feito referência na Assembleia da República, tinha como objeto a situação apurada pelos auditores nas contas do próprio BES (e não da ESI), salientando o forte acréscimo de exposição do banco ao GES, contrariando as determinações do Banco de Portugal seis meses antes, e que alterava materialmente a situação financeira do BES. Essa informação foi disponibilizada depois do aumento de capital ter tido lugar.”
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