O deputado único e presidente do Chega, André Ventura, enviou uma carta à procuradora-geral da República, Lucília Gago, denunciando uma “estratégia de perseguição, coação, condicionamento e destruição” que tem por alvo o seu partido e envolve ameaças de morte a dirigentes e a destruição de propaganda política. E pedindo que sejam apuradas as “eventuais ligações a outras forças e movimentos políticos” desses ataques.
“Há, tudo indica, um grupo organizado que identifica e planeia a destruição de cartazes do partido, dos seus instrumentos de divulgação política, e ameaça os seus dirigentes”, escreveu André Ventura na exposição à procuradora-geral, a quem pede intervenção e promete o envio de um dossier completo de todos os outdoors do Chega vandalizados até agora, “que são praticamente todos os que se encontram no espaço público”.
Também à Procuradoria-Geral da República (PGR) chegarão, segundo a carta enviada pelo deputado do Chega e candidato presidencial nesta quinta-feira, as “constantes e contínuas ameaças de morte” que garante ter recebido. “Não há certamente nenhum outro líder político em Portugal que receba tantas ameaças de morte como eu, constantes, por vezes públicas, e cada vez mais elaboradas”, afirma no documento, ao qual o Jornal Económico teve acesso.
Sem se referir diretamente às denúncias de ameaças vindas do grupo extremista Nova Ordem de Avis às deputadas Beatriz Gomes Dias, Joacine Katar Moreira e Mariana Mortágua, bem como a dirigentes de organizações antirracistas como o ex-assessor do Bloco de Esquerda Mamadou Ba, Ventura começa a exposição à procuradora-geral dizendo que lhe escreve “num momento em que o ódio, a clivagem social e o nível de conflitualidade no seio da sociedade portuguesa tem atingido níveis nunca antes vistos”.
“Da parte do Chega, a quem muitos acusam de ser o responsável por esse clima, sempre nos propusemos resolver estas clivagens pela via democrática, no âmbito dos debates de ideias que enriquecem o pluralismo democrático e a diversidade representativa”, assegura o líder do Chega, acrescentando que “não é isso que temos visto da parte de outros”.
Algo que, em sua opinião, se manifesta no âmbito da segurança pessoal dos dirigentes do Chega, “diariamente ameaçados de morte, algumas vezes em redes sociais à vista de todos”, e também na “permanente perseguição e destruição do património do partido”. Anexa à carta enviada a Lucília Gago foi a queixa formulada junto da PSP pelo presidente da distrital de Portalegre, onde o mais recente outdoor “não conseguiu estar mais de uma hora sem ser selvaticamente vandalizado”.
“Peço, por isso, a atenção de vossa excelência e do Ministério Público, enquanto garante da legalidade democrática, para este contexto de rápida degradação da vida política portuguesa, que poderá desencadear um nível de conflitualidade social e política muito superior, para pior, ao que temos atualmente”, remata André Ventura.
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