A presidente do Conselho das Finanças Públicas, Nazaré da Costa Cabral, teme que o impacto da crise no emprego seja mais forte do que o esperado pelo Governo, considerando que poderá haver um “aumento massivo” do desemprego, em setores como o turismo.
“Devemos contar com uma deterioração da situação do emprego. Embora a projeção do Governo seja de alguma maneira otimista a este respeito e portanto temos que ver como setores muito expostos a esta crise, nomeadamente o setor do turismo, como é que a questão do emprego vai ficar, se não teremos aí um aumento muito significativo, eu diria até massivo do desemprego”, disse esta quinta-feira numa audição no Parlamento sobre a proposta do Orçamento do Estado para 2021 (OE2021).
A responsável pelas Finanças Públicas sublinhou que “a economia portuguesa apresenta vulnerabilidades, tem problemas estruturais, é uma economia muito exposta porque está muito dependente de certos setores”, exemplificando com o setor do turismo, numa análise semelhante à publicada pela Comissão Europeia, nas previsões de outono, na semana passada.
“O setor do turismo é um setor que foi especialmente atingido pela crise e se a situação não melhorar e se não conseguirmos resolver os problemas que o turismo pode ter e todas as áreas associadas ao turismo, podemos vir a ter desemprego massivo, falências massivas no país e temos que estar preparado para esse cenário menos positivo. Nenhum de nós quererá que essa seja a realidade, mas temos que estar preparados para ela”, disse.
Nazaré da Costa Cabral alertou que esta “é uma crise com características fora do comum” e que representa também um novo desafio “para os previsores, para a nossa capacidade de antecipação e gestão de uma crise que tem contornos muito particulares”.
“Por isso, o CFP chama a atenção para a importância que a prudência tem neste momento. Não sabendo como a pandemia pode evoluir, há boas noticias recentes sobre o combate, mas não sabemos como pode evoluir e temos que estar preparados para que as coisas não corram pelo melhor”, frisou.
A responsável pelo CFP voltou advertir, tal como haviam feito nos últimos relatórios da instituição, que a incerteza em torno das projeções macroeconómicas é muito elevado e que a evolução da pandemia será determinante. Assinalou, ainda assim, algumas diferenças para a previsão do crescimento de algumas instituições e do Governo, considerando que as do Executivo “serão relativamente benignas”, nomeadamente as exportações – que recordou ser “uma componente fundamental para Portugal” -, em particular dos serviços que “admitimos que poderá ter sido subestimada”.
“Temos que ver como é que o turismo se vai comportar no primeiro semestre de 2021”, vincou.
Na análise à proposta do OE, publicada no final de outubro, o CFP considerou que as previsões inscritas comportam riscos descendentes “não negligenciáveis”. A instituição presidida por Nazaré da Costa Cabral identificou, entre outros, a incerteza em torno da pandemia que poderá levar a um impacto superior ao previsto de algumas das medidas inscritas, mas também que o impacto da despesa com a TAP e o Novo Banco seja superior ao previsto.
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