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Salónica. Cidade de Fantasmas

Em 2018 cumprem-se cem anos sobre o final da Primeira Guerra Mundial e sobre o fim do Império Otomano, como consequência da derrota da Alemanha e seus aliados.
12 Janeiro 2018, 11h50

“Salónica. Cidade de Fantasmas. Cristãos, Muçulmanos e Judeus de 1430 a 1950”, do historiador Mark Mazower, é uma evocação de uma cidade que já não existe e uma análise sobre como se deu o seu desaparecimento. Nas costas do mar Egeu, sob o domínio dos sultãos otomanos, uma das mais extraordinárias e diversificadas sociedades europeias viveu durante cinco séculos entre minaretes e ciprestes, ruínas romanas e mosteiros bizantinos.

A cidade dava abrigo a mercadores egípcios, escravos ucranianos, rabis falando ladino – essa velha língua derivada do espanhol – fugidos da Inquisição ibérica, paxás turcos, comerciantes ortodoxos e dervixes sufis, que se cruzavam entre uma viela e outra daquela que foi uma das urbes mais cosmopolitas e tolerantes que a Europa já conheceu, e que terá desaparecido devido à pressão do nacionalismo moderno.

O autor, que com este livro recebeu o Duff Cooper Prize, em 2004, graças a uma pesquisa apuradíssima de múltiplas fontes, dá-nos um retrato fabuloso de um mundo fascinante, seguindo os habitantes de Salónica pelos terrores da peste, invasões e fome, e levando o leitor para dentro das tabernas, palácios, jardins e bordéis, até à chegada do exército grego e à queda do Império Otomano.

Como consequência, os muçulmanos tiveram de partir, dando lugar aos milhares de refugiados que chegavam da Anatólia. Mais tarde, foram os judeus a ser deportados pelos nazis, perdendo-se para sempre um lugar onde as três religiões d’O Livro – cristãos, muçulmanos e judeus – conviveram e partilharam a cidade.

Mark Mazower – que tem outros livros traduzidos para português, como “Governar o Mundo” e “O Continente das Trevas” – é um historiador e escritor, formado em Oxford em 1988, especializado na Grécia moderna, Europa do século XX e história internacional. É, também, membro da Academia Americana de Artes e Ciências e diretor do Centro de História Internacional da Universidade de Columbia, além de contribuir regularmente com artigos e recensões sobre história e relações internacionais para vários órgãos de comunicação social, como o Financial Times, Guardian, London Review of Books, The Nation e The New Republic.

A edição é da Pedra da Lua.

A sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante

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