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Cinco mais ricos do Brasil têm tanto património como 50% da população

Rafael Georges, coordenador de campanha da Oxfam no Brasil, explicou à Lusa que os dados da pesquisa, fornecidos pelo banco Credit Suisse, indicam que há uma tendência de aprofundamento da desigualdade social no Brasil.
Brasil
22 Janeiro 2018, 01h33

As cinco pessoas mais ricas do Brasil têm um património equivalente a metade da população brasileira, refere hoje a organização não-governamental Oxfam, salientando que a riqueza dos milionários nacionais cresceu 13% em 2017.

No relatório “Recompensem o trabalho, não a riqueza”, a Comissão de Combate à Fome de Oxford (Oxfam, no acrónimo em inglês da confederação de 17 organizações não-governamentais) explicou que 50% das pessoas mais pobres do país viram a sua parte nos rendimentos nacionais reduzida de 2,7% para 2%.

Rafael Georges, coordenador de campanha da Oxfam no Brasil, explicou à Lusa que os dados da pesquisa, fornecidos pelo banco Credit Suisse, indicam que há uma tendência de aprofundamento da desigualdade social no Brasil.

“A concentração de património é muito cruel e eficiente para quem está no topo. Se você tem bastante património consegue gerar renda e consequentemente mais património. Quando a economia [brasileira] começou a esboçar alguma recuperação esta parcela da população [mais rica] experimentou um momento favorável”, disse.

“Já as pessoas que estão na parte de baixo da distribuição patrimonial, ou seja, a metade mais pobre da população, acabou perdendo o pouco que tinha ou aprofundou suas dívidas”, acrescentou Rafael Georges.

Entre 2016 e 2017 o património dos milionários brasileiros chegou a 549 mil milhões de reais (140,2 mil milhões de euros) e o número de indivíduos considerados multimilionários aumentou 45%, passando de 31 para 43 pessoas.

No entanto, o especialista da Oxfam lembrou que o Brasil experimentou uma perda de riqueza significativa quando comparado a outros países.

“Houve uma diminuição do património brasileiro na ordem de 6%. Isto significa que todo património financeiro e não financeiro do país recuou 6%. Avaliamos que isto foi um reflexo da retração económica vivida nos últimos anos”, afirmou.

Questionado sobre tendências futuras do comportamento da curva de desigualdade no país, o analista da Oxfam mostrou-se pessimista.

“No Brasil acontece um movimento contrário ao que indicamos ser as melhores práticas para a redução da desigualdade. Nos últimos 15 anos houve ganhos, mas estes ganhos – apesar de positivos – não eram estruturais e estão a ser desmontados agora”, apontou.

O lançamento do relatório da Oxfam é feito na véspera do Fórum Económico Mundial, que junta os principais líderes políticos e empresariais do planeta na cidade de Davos, na Suíça, entre 23 e 26 de janeiro.

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