Retomemos a junho de 1982, quando o ouro ainda era negociado a $350 por onça após o impressionante rally dos anos 70, o S&P 500 negociava a 110 pontos e as yields das obrigações americanas estavam a 14%. Curiosamente, a inflação estava a 7%, a mais alta em 4 meses, mas abaixo dos 14,8% registados em março de 1980. Este foi o último período em que a inflação esteve tão elevada nos EUA.
Quando a inflação ultrapassou a marca dos 4% em abril de 2021, a Fed referiu que este fenómeno era apenas “transitório” e optou por não agir. Foi interpretado como uma situação pontual causada pelas variações anuais nos preços dos combustíveis (depois de todos os contratos sobre os preços do petróleo terem atingido valores negativos em abril de 2020). Esta abordagem provou ser irresponsável por parte dos decisores de política monetária.
Nessa altura, e apesar dos desafios e incerteza trazida pela pandemia, a economia dos EUA já estava em plena expansão, alimentada pelos fortes estímulos fiscais e pela reabertura da economia após o pico da pandemia. Embora as pressões sobre os preços envolvessem sobretudo a escalada dos preços da energia, rapidamente se alastrou a outras categorias como o setor automóvel (novos e usados), equipamento, mobiliário, alimentação, entre outras.
Isto resultou da combinação de um boom do lado da procura com dificuldades do lado da oferta, causadas pelas restrições e confinamentos provocados pela Covid que levaram a fortes disrupções nas cadeias de abastecimento em todo o mundo.
Atualmente, a inflação está nos 7% e a Fed precisa de intervir. E será isto que irá acontecer. Ainda em novembro, a Fed não queria discutir a subida das taxas de juro. Hoje, não só já se fala disso, como também se fala de uma redução do “balance sheet”, uma ferramenta (pense na impressão inversa do dinheiro) que foi utilizada pela última vez em 2018, e que contribuiu para o abrandamento, causando turbulências no mercado.
A Fed prevê que a primeira subida da taxa de juro possa acontecer já no próximo mês de março. Este movimento é consensual dentro da Fed, com alguns membros, como é o caso de Bullard, a dizerem que este ano é provável que a Reserva Federal decida aumentar 4x as taxas de juro e que trazer de volta a inflação para o seu objectivo (em torno dos 2%) deverá ser prioritário para o banco central.
A retirada de estímulos e o início do ciclo de subida das taxas de juro será prejudicial para as empresas mais endividadas, sobretudo as tecnológicas e trará uma grande incerteza para o presente ano. Conheça as perspectivas da XTB para 2022.
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