José Cardoso, candidato a suceder a João Cotrim Figueiredo na liderança da Iniciativa Liberal, aponta aos seus adversários, Rui Rocha e Carla Castro, “falta de maturidade” pela pela forma como se atacaram no primeiro dia de conclave, no centro de congressos de Lisboa, e antecipa um day after “complicado” para quem quer que seja o escolhido presidente do partido. O próximo líder “vai ter que agregar tendências diferentes que agora se implementam, vamos ver se é capaz”.
Reconhecendo ao NOVO que “às vezes” há feridas que não são curáveis, o candidato a presidente da comissão executiva pela lista A (a terceira via) reforça que a união do partido a partir de hoje dependerá da capacidade do sucessor de Cotrim para “ler os sinais” e “motivar as pessoas”. “Da minha parte, garanto que se ganhar o farei e se perder, continuarei tal e qual como desde o momento em que entrei, é indiferente se estou neste cargo ou naquele, estou cá, vou ajudando aqui e ali, e é o que farei”, assegura.
O candidato garante também que retirar a sua candidatura, limitando a escolha a Rui Rocha e Carla Castro, “está completamente fora de questão” e lamenta que os seus adversários – que cola a João Cotrim Figueiredo – se proponham agora a resolver “problemas que os próprios causaram”. José Cardoso lembra que os dois “votaram contra todas as propostas que hoje em dia assumem que é um erro” e “por coerência”, acrescenta que nunca vota em políticos que “dizem uma coisa e fazem outra”. “Isso nunca acontecerá”, reforça. Ao candidato da Lista A é-lhe “indiferente” o resultado, porque na vida já perdeu e já ganhou. “Vivo tranquilo a partir do momento em que as convicções são as minhas”, afirma.
Retirar-se da corrida “era o que eles desejariam”. Mas “se desejavam isso, primeiro tinham que ter lutado pela segunda volta, que foi o que eu fiz” para evitar uma contagem “à la PSD e à la PSD”.
Defendendo que num partido liberal devia haver muitos mais candidatos à liderança”, José Cardoso acusa ainda Rui Rocha e Carla Castro de terem tentado condicionar, primeiro, a candidatura um do outro, e depois, os dois tentaram condicionar a sua. “Devo ter sido o único a motivar outros no partido a candidatarem-se. Nunca darei um contributo para montar um partido igual aos outros”, remata.
A manhã do segundo e último dia do conclave dos liberais, que vai decidir se é Rui Rocha, Carla Castro ou José Cardoso o próximo presidente da IL, ficou marcada pelo debate de argumentos das várias listas ao Conselho Nacional, que expôs, uma vez mais, a polarização e a clivagem entre as várias linhas. Especialmente entre a lista de Mariana Leitão, que se recandidata ao órgão pela lista L (de Rui Rocha), e a lista B, liderada por Nuno Simões de Melo, a ala conservadora do partido. O debate fez-se em torno da pergunta a quem comprar um “carro usado” e as críticas irónicas da linha que se opõe a uma IL melancia” (azul por fora mas bloquista por dentro, um partido que “começa no Saldanha e acaba nas Amoreiras”).
Durante esta tarde, 2.327 liberais vão escolher (de forma presencial mas também remotamente) uma nova liderança e dar o tiro de partida para uma nova fase em que há apenas uma certeza: nada será como dantes.
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