No meio de um ano ainda com réstias da pandemia, o desencadear de uma guerra na Europa, a crise da energia e o aumento da inflação, Portugal vai fechar este exercício de 2022 com alguns resultados positivos entre muitos outros aspectos negativos que caracterizaram este primeiro de novo governo. Na verdade, a instabilidade no seio do governo, as constantes notícias sobre a falta de escrutínio generalizada e a ausência ou insuficiência de reformas e políticas públicas acabaram por marcar negativamente o ano transacto.
No entanto, as empresas foram resistindo, produzindo e inovando, qualificando os seus trabalhadores e um dos aspectos mais relevantes acabou por ser o valor atingido pelas exportações (a chegarem aos 50% do PIB) e o investimento empresarial que, já na primeira metade do ano, tinha atingido um valor recorde de 16 mil milhões de euros. O sector empresarial comprovou assim, com este reforço da capacidade exportadora, que é possível melhorar a competitividade.
No que respeita às exportações, é de salientar a entrada em novos mercados, a superação das receitas do turismo relativamente ao último ano antes da pandemia (2019) e a resiliência que foi demonstrada face a uma conjuntura tão difícil e inesperada como a que estamos a atravessar. Portanto, em 2022, Portugal vai crescer até um pouco mais do que inicialmente se previu (6,8% nas previsões do Banco de Portugal), sobretudo devido à procura externa líquida e ao consumo interno.
Mas este crescimento económico é sustentado? Vai continuar assim nos próximos anos?
Não parece ser assim, de acordo com as mais variadas previsões de tantos organismos internacionais, o que revela que temos muito trabalho pela frente e que não há mais tempo a perder. Há que efectuar as reformas necessárias nos sectores fulcrais como são a saúde, a educação, a justiça ou a administração pública, adoptar políticas públicas adequadas a cada sector, aproveitar correcta e transparentemente os fundos europeus, tudo fazer para manter o Estado Social, garantir o desenvolvimento do país de forma a convergirmos sustentadamente com a União Europeia.
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.
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