O problema “real e complexo” da falta de habitação em Portugal não se irá resolver com o fim dos vistos gold. Esta é uma das principais conclusões da consultora Athena Advisers que, em comunicado, analisou o fim dos vistos gold, confirmado esta quinta-feira pelo Governo.
O primeiro-ministro, António Costa, anunciou esta quinta-feira que, no âmbito de medidas para combater a especulação imobiliária, o Governo vai deixar de conceder vistos ‘gold’. “Quantos aos vistos ‘gold’ já concedidos, (…) só haverá lugar à renovação se forem habitação própria e permanente do proprietário e do seu descendente, ou se for colocado o imóvel duradouramente no mercado de arrendamento”, anunciou o primeiro-ministro.
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David Moura-George, diretor da Athena Advisers, dá conta de que o programa representou um investimento de 6,7 mil milhões de euros ao longo de 11 anos, os quais seis mil milhões de euros (89%) foram canalizados para a compra de bens imobiliários.
“A falta de habitação acessível à generalidade dos portugueses é um problema real e complexo que não se resolve com a extinção de um programa de captação de investimento estrangeiro”, defende este responsável que no entanto realça que foi a nova lei de arrendamento urbano que se assumiu como “a principal impulsionadora do mercado”.
O diretor da Athena Advisers alerta que o fim dos vistos gold “será lamentável para algumas regiões do interior de Portugal bem como para os arquipélagos da Madeira e dos Açores” e que a atual definição do programa “não expõe os centros urbanos e as zonas do litoral ao crescente desenvolvimento urbano”. Em conclusão, adverte o responsável, “é lastimável que o programa chegue ao fim”.
E Lisboa?
Quanto ao impacto do fim dos vistos gold no mercado imobiliário de Lisboa, o responsável máximo da Athena Advisers não se mostra preocupado: “Se tivesse acontecido há cinco anos, estaria preocupado. Hoje o mercado da capital amadureceu e as mudanças que ocorreram em 2022 funcionaram como uma espécie de amortecedor para qualquer oscilação neste mercado”.
“Os promotores irão tentar acelerar o lançamento de projetos que sejam elegíveis para o programa estimando-se que haja uma torrente de novos lançamentos e algum congestionamento da procura na corrida por um visto gold até ao encerramento oficial do programa. Porém, muitos destes projetos estão dependentes da aprovação do Governo, pelo que será difícil antecipá-los”, destaca David Moura-George.
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