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Cinco sinais de que as dívidas estão a ficar descontroladas

Nos últimos anos, especialmente após a eclosão da crise das dívidas soberanas, o sobreendividamento passou a ser uma realidade em Portugal.
13 Outubro 2022, 18h34

Nos últimos anos, especialmente após a eclosão da crise das dívidas soberanas, o sobre-endividamento passou a ser uma realidade em Portugal. Nos anos 90 e no início do novo milénio, o sonho de comprar uma casa e um carro e ainda todas as facilidades que passaram a existir relativamente à aquisição de crédito ao consumo contribuíram para uma classe média atolada em encargos com despesas.

Se se encontra, neste momento, com dificuldades em cumprir com os seus pagamentos, poderá estar a entrar numa espiral de dívida. Neste caso, não tenha receio e procure aconselhamento financeiro por parte de instituições preparadas para tal. Se tem vários créditos, o ideal será juntar todos num só, ficando a pagar uma única prestação mensal.

Assim, tenha atenção a estes cinco alertas deste artigo do ComparaJá e reaja rapidamente.

1. O seu rácio de endividamento excede 80%

O rácio de endividamento (que também poderá ser designado por taxa de esforço) mede a capacidade de um indivíduo de fazer face às suas dívidas consoante as receitas de que dispõe. Para calcular o mesmo (de uma forma super simples e acessível a qualquer pessoa), basta que divida o total de todas as suas prestações mensais referentes a empréstimos pelo seu salário mensal.

Vamos dar-lhe um exemplo. Suponhamos que ganha 950 euros por mês e que os seus encargos mensais com todos os empréstimos que tem ascendem a um total de 750 euros. Neste caso, só lhe sobram 200 euros por mês. Note quão precária se afigura esta situação e repare que, caso lhe surja alguma emergência, poderá começar a falhar nas suas prestações.

Se o rácio do seu endividamento for de 100% ou mais (ou seja, deve mais do que o montante que pode pagar todos os meses), terá de arranjar um plano de reestruturação da sua dívida.

Em Portugal, existem seis instituições que o podem auxiliar neste sentido, prestando-lhe aconselhamento financeiro:

  • Instituto do Endividamento;
  • Instituto do Cliente – Gabinete de Apoio ao Crédito e Endividamento
  • APOIARE – Associação Portuguesa para Observação, Investigação e Apoio na Reeducação em Matéria de Endividamento;
  • GAS – Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado;
  • GAT – Gabinetes de Apoio Técnico (Portal de Reestruturação, Recuperação e Insolvência de Empresas e Pessoas Singulares);
  • Fundação Agir Hoje.

Ressalvamos que, em caso de já ter entrado em processo de insolvência, deve recorrer especificamente ao GAT, ao passo que as restantes instituições acima mencionadas devem ser consultadas numa fase anterior a estes casos extremos.

2. Os seus pedidos de crédito são rejeitados constantemente

De cada vez que tentar obter um empréstimo ou requisitar um cartão de crédito, o banco em questão irá verificar o seu Mapa de Responsabilidades de Crédito, ou seja, irá averiguar o seu historial de crédito no sentido de perceber se tem alguns créditos em incumprimento.

Alguns consumidores já endividados utilizam a técnica de pedir um crédito mais barato (isto é, com uma taxa de juro mais reduzida) para pagar outro empréstimo. Contudo, tenha atenção: uma atitude deste género poderá conduzi-lo a uma situação de sobre-endividamento, gerando um “efeito bola de neve”.

Se não estiver a conseguir obter um empréstimo, poderá ser porque não tem um bom historial, porque está em incumprimento com algum crédito ou ainda porque a sua taxa de esforço se encontra acima do limiar aceitável. Este é um sinal de que está a caminhar para o sobre-endividamento.

3. Não consegue pagar mais do que o montante mínimo

Se não está a conseguir fazer os pagamentos mínimos do cartão de crédito, então as suas obrigações excedem o seu rendimento e precisará de reestruturar a sua dívida. Caso consiga apenas pagar o mínimo das prestações, continua a incorrer em dívida.

Note que os pagamentos mínimos podem não ser suficientes para cobrir os encargos mensais com juros. Por exemplo, se o juro do seu empréstimo for de 70 euros por mês e só conseguir pagar o mínimo deste juro, que vamos assumir que será de 50 euros, então não se encontra capaz de cobrir os seus encargos mensais com juros na totalidade.

Se se encontra nesta fase, deverá procurar aconselhamento o mais breve possível.

4. Tem de escolher entre necessidades primárias e o pagamento das dívidas

Se todos os meses é confrontado com a escolha entre alimentar-se de forma correta ou pagar as suas dívidas, encontra-se claramente numa situação de crise.

É normal que algumas dívidas possam causar dificuldades no seu estilo de vida – pode ter que desistir de umas férias ou deixar de comprar aqueles sapatos que queria. Todavia, repare que não é suposto estar a debater-se com necessidades básicas, como alimentar-se, pagar o seu passe de transporte ou a mensalidade do seu telemóvel, por exemplo.

5. Ganha mais do que a média salarial mas não consegue pagar as suas prestações

Se ganha mais do que a média salarial em Portugal mas, ainda assim, encontra dificuldades em pagar os seus empréstimos, o seu nível de endividamento pode estar descontrolado.

Atrasa-se constantemente nos seus pagamentos e deixa mesmo de pagar alguns empréstimos todos os meses? Possui algumas dívidas que continuam sem ser liquidadas ao fim de 90 dias? Se a resposta é positiva, deve considerar que se encontra em crise.

A solução: agir rapidamente

Estar nesta situação económica poderá afetar o seu nível de bem-estar e ter consequências nefastas para si e para a sua família. Quanto mais rápido procurar auxílio, contactando uma instituição de aconselhamento financeiro, mais rapidamente controlará a sua dívida e mais depressa a sua vida voltará ao normal.

O que estas organizações vão fazer é atuar como intermediários em seu nome e renegociar as taxas de juro com os credores, de maneira a evitar o efeito bola de neve. Dois a três meses podem fazer a diferença entre uma dívida que demora alguns anos a pagar e outra que o levará à falência.

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