Mais de 80% das empresas que entraram na bolsa de Nova Iorque em 2018 tiveram prejuízos no ano anterior à sua admissão. Esta situação pode ser vista como um sinal de “fim de ciclo”, porque apenas se registaram níveis semelhantes em 1999 e 2000, numa altura de euforia em torno das chamadas “dotcom”. São fases em que os investidores estão dispostos a pagar mais por empresas que ainda são promessas e em que muito capital de risco vê uma boa oportunidade de liquefazer os seus investimentos, no todo ou em parte.

Mas há outra leitura possível deste estudo da Universidade da Florida: a globalização e a preferência do mercado por modelos free, freemium e low cost, cada vez mais dão primazia à criação de uma base muito alargada de clientes ou utilizadores e só depois procuram gerar lucros. Em suma, há uma predisposição para registar perdas durante muito tempo, por vezes até ao encerramento do projeto.

Para os negócios, isto significa que deixou de ser possível construir preços com base no modelo clássico de “custos + margem”, porque há muitos concorrentes com bolsos fundos que podem perder dinheiro durante muito tempo. Ou seja, os preços deixaram de ser fixados com base nos custos e passou-se a cobrar com base naquilo que os clientes possam estar dispostos a pagar.