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“A certeza e a previsibilidade da regulação europeia devem dar segurança ao investimento”

“A certeza e a previsibilidade da regulação europeia deve dar segurança ao investimento e deve promover uma atividade empresarial dentro dos moldes que permite uma gestão mais eficiente”, defendeu Catarina Mascarenhas, consultora da Abreu Advogados, como oradora convidada da Conferência do nono aniversário do Jornal Económico (JE).
25 Setembro 2025, 17h00

O tema da regulação esteve em destaque na conferência de aniversário do Jornal Económico (JE), que Catarina Mascarenhas, consultora da Abreu Advogados, qualificou como “impulsionadora”, afastando a “relação de causalidade entre regulação no setor digital e a ausência” de tecnológicas líderes no bloco europeu.

“A certeza e a previsibilidade da regulação europeia deve dar segurança ao investimento e deve promover uma atividade empresarial dentro dos moldes que permite uma gestão mais eficiente”, defendeu a especialista em direito digital, tecnologia e propriedade intelectual, num painel dedicado à inteligência artificial (IA).

Elencando factos e mitos que marcam a narrativa em torno da regulação, sobretudo no setor digital, a advogada carimbou como “mito” a ideia de que os países de fora da União Europeia (UE), como os Estados Unidos e a China, “não regulam”.

Nas palavras de Catarina Mascarenhas, “o objeto da regulação não é um problema; ao contrário”. “O papel essencial que a UE tem na defesa dos direitos dos cidadãos, reforço da democracia e salvaguarda dos direitos fundamentais é único, sobretudo no atual estado em que nos encontramos. E isso aplica-se, naturalmente, também ao meio digital. Não acho que a regulação seja um entrave à competitividade ou à inovação. Porque existe aquela ideia também de existência de uma relação de causalidade entre a regulação no setor digital e a ausência de empresas europeias líderes de tecnologia”, analisou.

Contudo, ressalvou, não está em causa que os “processos não possam ser melhorados e simplificados”, bem como uma “redução dos custos administrativos”, “uma maior clareza e, sobretudo, uma maior articulação”.

Questionada sobre as obrigações legais e regulatórias a nível europeu com que as empresas se confrontam, Catarina Mascarenhas defende que, “ao contrário do que se diz, é uma oportunidade”.

“Este processo de adoção de procedimentos de conformidade normativa baseadas no risco não é uma coisa nova. A par da clareza de entender as obrigações, é preciso adotar procedimentos internos”, afirmou. Como o mapeamento de dados. “Cada departamento tem a sua metodologia e, no fundo, a organização não tem uma informação clara sobre os dados e aquilo que pode converter em metadados e como é que os pode analisar. Em termos de levantamento de ferramentas de IA, todos têm. Mas há algum inventário? Algum mapeamento?”, analisou.

“Aquilo que acho que é importante e que tenho aprendido com a prática é que estas duas coisas têm de andar lado a lado: saber exatamente o que é exigido, mas ao mesmo tempo estabelecer estratégia, procedimentos e governação internos”, defendeu a consultora da Abreu Advogados

O Jornal Económico convidou dezenas de especialistas, por ocasião do seu nono aniversário e assinalando os 40 anos da assinatura do tratado de adesão de Portugal à CEE, a conferência “nove chaves da União Europeia”, que decorreu na AESE Business School, em Lisboa.

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