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“A consolidação do mercado de capitais e sua integração internacional são os maiores desafios ao desenvolvimento da praça financeira cabo-verdiana”

O governador do Banco de Cabo Verde, João Serra, defendeu esta sexta-feira, no quinto Fórum 20 anos da Bolsa de Valores de Cabo Verde, a decorrar na Cidade da Praia, que actualmente é cada vez mais inquestionável a existência duma forte correlação positiva entre o desenvolvimento económico e o desenvolvimento financeiro. 
12 Maio 2018, 12h50

A afirmação foi feita durante o acto de abertura da quinta edição do “Fórum 20 anos da Bolsa”, subordinado ao tema “O país plataforma: as ligações à Europa. O mercado potencial da CEDEAO”.

O governador do banco central lembrou que, de há algum tempo à esta parte, os sucessivos governos vêm atribuindo uma “importância crescente” à modernização e aprofundamento do sector financeiro nacional, tendo sido tomado uma série de medidas.

“É cada vez mais inquestionável a existência duma forte correlação positiva entre o desenvolvimento económico e o desenvolvimento financeiro”, disse, observando que no quadro do desenvolvimento do mercado financeiro “é fundamental” a operacionalização da Bolsa de Valores enquanto um dos instrumentos essenciais para o adequado funcionamento do mercado de capitais.

Os avanços do sector financeiro são assinaláveis, na opinião de João Serra, que chamou a atenção para se estar ciente que os desafios de desenvolvimento de Cabo Verde “exigem muito mais deste sector”, já que “persistem dificuldades” de acesso aos recursos financeiros e as taxas de juro dos empréstimos continuam, ainda, “relativamente elevadas”.

No seu entender, é preciso promover a diversificação do sistema financeiro de forma a tornar o sector mais abrangente, competitivo e concorrencial, criando, assim, condições de acesso dos investidores a capitais de longo prazo, assim como de acesso ao mercado internacional de capitais. “A consolidação do mercado de capitais nacional e a sua integração nos mercados internacionais são, porventura, os mais importantes desafios que se colocam ao desenvolvimento da tão almejada praça financeira cabo-verdiana. Tal desafio pressupõe opções ambiciosas e exigentes por parte do Estado e do regulador e supervisor”, notou.

João Serra congratulou-se, ainda, com o tema do fórum, por considerar que vai ao encontro de um dos “aspectos diferenciadores” de referência para Cabo Verde que tem a ver com a sua localização geográfica estratégica entre África, Europa e América, enquanto oportunidade para colocar o país no centro de uma rede económica de criação de valor associada à localização. “Com efeito, a aposta na nossa localização geoestratégica é uma linha de resposta com elevado potencial, pelo impulso de integração e criação de dimensão crítica para o funcionamento dos mercados de proximidade e para os processos de internacionalização que dela resultam, os quais introduzem elementos de imagem e posicionamento que permitem reduzir o peso do factor custo na exploração das oportunidades de mercado”, indicou.

Relativamente ao mercado africano mais próximo, ou seja, os países da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), João Serra ressaltou que é preciso ter presente que já funcionam, de forma regular, três Bolsas. A Bolsa de Valores da Nigéria, a Bolsa Regional de Valores Mobiliários, sediada na Costa do Marfim, e a Bolsa de Valores do Gana, são as que, segundo o responsável, estão inseridas em economias com dimensão superiores à de Cabo Verde e têm um nível de capitalização muito superior a Bolsa nacional.

Neste sentido, o governador do Banco de Cabo Verde, enquanto órgão do qual depende o funcionamento da entidade responsável pela regulação e supervisão do mercado de valores mobiliário nacional, prometeu apoiar em tudo o que for necessário para o desenvolvimento do mercado de capitais no país, no quadro de uma estreita articulação com o Governo.

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