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A convenção do vazio

Nisto da comunicação e da intervenção política, continua a valer a regra básica dos “five W’s”: who, what, in what way, to whom, with what effect. Até aqui nada de novo, como também nada de novo saiu da II Convenção Socialista dos Estados Gerais nem certamente sairá da terceira que dizem ir acontecer lá para […]
15 Janeiro 2019, 07h15

Nisto da comunicação e da intervenção política, continua a valer a regra básica dos “five W’s”: who, what, in what way, to whom, with what effect. Até aqui nada de novo, como também nada de novo saiu da II Convenção Socialista dos Estados Gerais nem certamente sairá da terceira que dizem ir acontecer lá para depois da Primavera, por mais tons de azul vitorioso com que a imprensa “pinte” os protagonistas e os discursos, quase que apetece dizer que mais do que organizar e noticiar convenções com forasteiros como quem muda de camisa, passe algum exagero desta afirmação, vão de convenção em convenção até à derrota final.

Após leitura atenta da imprensa, não só daquela que dedicou duas páginas à azulada reunião, mas também da cobertura que foi feita no on-line, eis, “a bold”, o que fica do sumo do alegadamente muito que foi dito pelos participantes nos painéis, «para debater projectos», conforme noticiado: Portugal lidera a economia azul; Servir melhor as pessoas é o objectivo final; Política feita com as pessoas sem iluminados; Só vamos lá com clusters do mar; Seria estúpido desperdiçar a energia dos jovens; Só envolvendo as pessoas poderemos mitigar as catástrofes naturais.

Tendo em conta que o tema geral foi “Pela Madeira sim ao Futuro”, estas ideias, aparentemente, inteligentes e acertadas, pelos menos quem as proferiu assim as deve julgar, significam em concreto o quê?! E o que é que vão fazer para que elas se materializem em acções e resultados?! No primeiro caso, fiquei a saber que sou responsável por 38 campos de futebol de água salgada. E depois?! O que é que faço com isso?! Vou pescar?! No segundo, que é necessário modernizar a administração pública regional e requalificar os recursos humanos. E como se fará isso?! Mandamos todos para a Universidade Aberta e adjudicámos, sem concurso público, laptops para todos?! No terceiro, além de a grande “iluminação” ser a esperança numa solução à geringonça e de que as pessoas devem ter voz activa nas decisões, ainda tive que ler que o novo Ministro do Ambiente veio falar de alterações climáticas, da posição geoestratégica dos nossos emigrantes e da instabilidade política na Venezuela, África do Sul e Reino Unido (grande novidade!!!, tanto uma como outra, há mais de um século que praticamente todos os madeirenses e porto-santenses têm família emigrada e bem sabemos os problemas que estão a acontecer tanto lá, como cá, com os regressados). E a minha voz será ouvida como?! Vai-me telefonar o candidato, plagiador, enganador, e amnésico, em part-time, na CMF, a perguntar o que penso?! Vai fazer orçamentos participativos por toda a Região para depois nunca fazer, na totalidade, o que foi escolhido?! No quarto, que é necessário criar produto de valor acrescentado no mar. Descobriram alguma espécie de algas novas que dão ganza e ainda não disseram a ninguém?! Digam-me já onde estão que mesmo não sabendo nadar vou até lá…No quinto, não são apenas os jovens que querem emprego, com segurança e remuneração…Tenho 51 anos de idade, vivo com 343 euros por mês, e também gostava, como muitos mais, de ter o que os jovens devem ter. Que projectos, que ideias, têm para a requalificação profissional e criação de emprego para os que não são jovens e que são a grande maioria dos desempregados e oriundos de setores em crise e que muito dificilmente alguma vez mais voltarão aos indicares de outras décadas?! No sexto, e por respeito ao professor Domingos Rodrigues, porque o conheço desde a década de 90, quando estudei na Universidade da Madeira (UMa), vou apenas dizer que é sempre bom assistir a aulas de prevenção e riscos e que concordo com a prevenção, educação e sensibilização…

Mas, voltando à imprensa e a outro momento bastante esperado e amplamente anunciando antes da coisa em si mesmo, o que foi que veio a Ministra do Mar fazer e dizer à Madeira de realmente importante, além de alegres fotografias com copo de vinho branco na mão na Costa Norte?! Excepto a inauguração do Radar Meteorológico do Porto Santo, reivindicado por Miguel Albuquerque, quando era presidente da CMF por causa da tragédia do 20 de Fevereiro, nada de substancial disse. Novamente promessas e mais promessas, novamente estudos e mais estudos sobre a mobilidade marítima e o apoio do Estado à ligação ferry entre a Madeira e o Continente.

Mas a melhor de toda, foi mesmo, o candidato do PS-M à Quinta Vigia, dizer que quer reduzir as assimetrias, dando como exemplo o facto de 80% da população da Madeira residir no chamado eixo metropolitano (entre Câmara de Lobos e Machico)…Vai fazer o quê?! Vai armar-se em Estaline, criar planos quinquenais, e forçar a transmigração da população para a Costa Norte?! Vai transferir a Secretária Regional da Agricultura e Pescas para o Porto Moniz para o presidente da câmara local, por acaso, também presidente do PS-M, ter mais alguém para ver, já que no concelho não residem mais do que cinco mil almas?! E já agora também lhe vai dar essa tutela governamental?!

Enfim, estou desejando que chegue já o terceiro episódio desta comédia…mas até lá, como será apenas em Maio, a próxima convenção, enquanto espero, vou dedicar um dos próximos artigos a sintetizar quem é quem neste PS-Madeira e a mostrar preto no branco por que razão não podemos confiar nesta gente…

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