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A economia da droga

Não precisamos quantificar para saber que as apreensões relacionadas com a droga tem vindo a subir gradualmente, mas também questiono sempre a insistência em entrar na nossa Região. Isso acontece porque é possível e sabemos que está na rua. Eu ia abordar as autárquicas, mas pensem primeiro nas drogas antes que seja tarde.
26 Outubro 2020, 07h15

Muito tem sido falado ultimamente. A informação abunda. Estamos em tempo de pandemia, de Trump ou Biden, do orçamento de estado, a caminho do Natal e ano novo.

Estamos desejosos por virar a página e esquecer 2020 como se a mudança de um número fosse eliminar os problemas num estalar de dedos. Gostamos e aceitamos essa ilusão de um 2021 próspero. Mesmo assim, trago mais um problema àqueles que já temos e esquecemos (às vezes). Julgo até que banalizamos. Não está esquecido, simplesmente está entre nós em abundância e deixou de ser tabu. Pois é, o título já dizia que era sobre
droga.

Existem coisas que fazem confusão a qualquer pessoa neste assunto. Vamos ao básico. Rodeados de mar, existindo duas vias de entrada nas duas ilhas que compõem a Região.

Desde logo chegamos à conclusão que existe uma quebra, um defeito permeável que permite a entrada desta pandemia, outra, que ceifa centenas e centenas de futuros. Para ter-se uma ideia, no pico da crise iniciada em 2008, com a queda do mercado imobiliário, a contracção económica fez com que muitos clubes desportivos fossem obrigados a cortar na despesa que por vezes significava manter o desporto sénior (profissional), sempre em detrimento dos mais novos. Aconteceu com alguns clubes na Madeira. Em simultâneo instalou-se uma chaga denominada bloom que sentenciou dezenas de juízos e famílias. Parecia não haver maneira de eliminar permanentemente aquela praga. Quem produzia aquele fertilizante arranjava sempre maneira de contornar a lei adicionando componentes novos que tornava o produto vendável. Recordo perfeitamente dessa altura e da luta, também política, para exterminar essa droga “legal”. A JSD Madeira teve um papel muito activo e foi crucial na consciencialização do problema.

Questionei um membro do governo (da altura), num colóquio realizado no Porto Santo, se era possível haver uma relação entre o desinvestimento no desporto e o aumento do consumo de drogas. O desconforto na resposta fez-me ver que era aquele o caminho.

A história repete-se com outras drogas, desta feita em plena época pandémica, onde a reativação dos desportos colectivos deve ser tratado com carácter de urgência. É necessário assumir que o problema existe.

Não precisamos quantificar para saber que as apreensões relacionadas com a droga tem vindo a subir gradualmente, mas também questiono sempre a insistência em entrar na nossa Região. Isso acontece porque é possível e sabemos que está na rua. Eu ia abordar as autárquicas, mas pensem primeiro nas drogas antes que seja tarde.

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