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“A essência da Web Summit não está perturbada”, garante secretário de Estado da Digitalização

Mário Campolargo considera que o objetivo a que o evento se propõe foi conseguido: a presença de 70 mil pessoas e os contactos que se estabelecem entre os participantes.
15 Novembro 2023, 08h45

O secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa considera que “essência” da Web Summit “não está perturbada”, depois das polémicas que marcaram as semanas antecedentes à cimeira tecnológica.

“A essência da Web Summit é pôr as pessoas portuguesas e não portuguesas, com talento, a conversarem umas com as outras. E essa essência não está perturbada, antes pelo contrário, está alimentada por esta presença maciça”, afirmou Mário Campolargo, em declarações ao Jornal Económico, Rádio Renascença e agência Lusa.

“O que importa na Web Summit é termos um ecossistema vibrante. Vê-se estas pessoas todas a trocarem impressões, a verem como o sucesso de uns pode ser o de outros… É o ecossistema que garante que hoje em Portugal temos sete unicórnios, com um impacto de 2,8% no PIB e maior em proporção do qualquer país na Europa”, realçou.

Portugal entregou esta terça-feira a presidência da rede Digital Nations, que reúne dez países na colaboração para governos mais digitais, à Dinamarca. Num painel na Web Summil com o mesmo nome da última cimeira do grupo, “Better Data Better Society”, Mário Campolargo interveio ao lado de Marie Bjerre, ministra dinamarquesa do Digital e Igualdade de Género.

A ministra da Dinamarca defendeu a colaboração entre com países que partilhem as mesmas visões e as mesmas abordagens e compromissos para com os algoritmos, todavia o secretário de Estado português explicou que “cada um dos países, de acordo com a sua maturidade, tem interpretações diferentes da visão para os dados”, no âmbito da declaração conjunta “Data 360°”.

Não digitalizamos só por digitalizar. Digitalizamos com um propósito, o de tornar as nossas sociedades economicamente mais desenvolvidas, mas também inclusivas – Mário Campolargo

“Em Portugal temos uma abordagem de parcerias de open governance, consultas públicas aos cidadãos, olhar para o espaço público e tentar pensar como a Administração Pública pode ser mais aberta à população”, explicou Mário Campolargo, na conferência que decorre no Parque das Nações, em Lisboa, até quinta-feira.

Na opinião do secretário de Estado com a pasta do Digital, “a Inteligência Artificial pode ajudar-nos a recolher melhores dados para manter a interoperabilidade dos serviços”. “Os dados abertos geram novas ideias”, mas é preciso ter em conta uma série de princípios, como a ética e justiça, a privacidade e a segurança e a importância dos mesmos para o empoderamento da sociedade, defendeu.

Os Estados Unidos têm o capital e a União Europeia o propósito – Sacha Michaud

A propósito da relação entre governos e dados, Sacha Michaud, cofundador da Glovo, que partilhou um dos palcos com Mário Campolargo, sintetizou-a da seguinte forma: “Os Estados Unidos têm o capital e a União Europeia o propósito”. Errado não está, e o secretário de Estado também o reconheceu.

O cofundador da Glovo referiu confessou-lhe ainda que não é necessariamente negativo que a imagem de Portugal esteja quase sempre associada à capital. “Lisboa é uma grande cidade e Portugal é um grande país para atrair talento. Há dez anos os fundadores só queriam ficar em Silicon Valley e agora querem ficar aqui”, atirou o empreendedor por detrás de uma das apps de entregas mais conhecidas do mundo.

No entanto, alertou que o financiamento para scale-ups ainda está a faltar ao país. “Sim, o investimento e os recursos humanos são grandes desafios. O que importa não é ter um documento muito quadrado com todas as medidas escritas. O que importa é ter esse ecossistema, as fintech, as ZLT – Zonas Livres Tecnológicas, menos burocráticas, onde podem experimentar a tecnologia. O PRR não é para o Governo é para as pessoas”, retorquiu o secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa.

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