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A guerra do trono entre Trump e Musk

Assim está a Casa Branca: um presidente incontinente, o empreendedor alucinado e um país de boca aberta.
epaselect epa11837518 US President-elect Donald Trump (L) with businessman Elon Musk (R) on stage during a rally at Capital One Arena in Washington, DC, USA, 19 January 2025. President-elect Donald Trump, who defeated Joe Biden to become the 47th president of the United States, will be inaugurated on 20 January, though all of the planned outdoor ceremonies and events have been cancelled due to a forecast of extreme cold temperatures. EPA/WILL OLIVER
6 Junho 2025, 07h39

Depois de gastar mais de 250 milhões de dólares (cerca de 218,5 milhões de euros) a ajudar a campanha presidencial de Donald Trump, Elon Musk, autoproclamado ‘primeiro amigo’ do presidente norte-americano, já não está com tão boas relações com Trump. Nos últimos dias a relação dos dois azedou de vez.

O empresário deixou o cargo na equipa de Trump, isto é, a liderança do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) ao fim de apenas 130 dias. O bilionário radical prometera cortar as despesas federais, tendo planeado a eliminação de milhões de empregos, contratos e quase tudo o que mexesse… obviamente a bem da nação.

Os cortes, como era previsível, ficaram muito aquém do prometido. Um fracasso. A motos serra do argentino Milei falhou na versão norte-americana. Mas voltemos um pouco atrás na fita do tempo. No final de maio, o dono da Tesla, SpaceX e do X já anunciara que estava de saída da administração Trump, embora as relações ainda fossem amistosas, o que lhe deu direito a uma simpática despedida na Sala Oval e até a uma chave de ouro como recordação sentimental.

Entretanto, o tempo foi passando e começaram a circular notícias de que o empresário tinha consumido drogas durante a campanha eleitoral. Este par ticular passatempo não pareceu incomodar Trump que, em jeito de elogio, considerou que ia “ser difícil substituí-lo”. Segundo o “New York Times,” Musk transportava sem pre com ele uma caixa de medica mentos, além de outras substâncias, tais como ketamina, ecstasy e até cogumelos psicadélicos.

A despedida semi-apoteótica de Musk foi de certa forma surpreendente, já que aconteceu um dia depois de o empresário ter critica do o projeto de lei tributária de Trump, considerando-o prejudicial ao trabalho feito pelo DOGE.

As críticas ao orçamento da administração Trump continuaram e intensificaram-se nos dias seguintes. Chamou ao documento “uma abominação repugnante”, além de outras pérolas. De certa forma, Musk tinha razão.

Segundo os supervisores fiscais, a conta apresentada por Trump acrescentará 2,4 biliões de dólares à dívida dos Esta dos Unidos até 2034, um verdadeiro pavor que assustou as agências de rating (baixaram a notação do país) e está a preocupar os mercados. Os ataques de Musk ao projeto continuaram a ser partilhados na rede social X e culminaram com um apelo aos norte-americanos para pedirem aos representantes em Washington para “acabarem com o projeto de lei”.

Para Musk, o projeto aumentara o défice e vai sobrecarregar os norte-americanos com uma dívida “esmagadora”. Além das críticas, o empresário lançou uma sondagem questionando se “está na altura de criar um novo partido político nos Estados Unidos que represente realmente os 80% do meio?”.

Donald Trump, após vários sorrisos amarelos, não aguentou mais e acabou por dizer que já não sabia se os dois iriam continuar a ter uma boa relação, sublinhando que Musk estava a par da proposta orçamental e que “não tinha nenhum problema com ela”, mas quando descobriu que a administração ia “cortar os incentivos aos veículos elétricos”, mudou subitamente de opinião. E assim está a Casa Branca: um presidente incontinente, o empreendedor alucinado e um país de boca aberta.

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