A pandemia terá piorado ainda mais aquilo que já era designado como o “inverno demográfico” português. Se antes da Covid-19 as dinâmicas já eram preocupantes, com poucos nascimentos e envelhecimento populacional acelerado, agora estamos perante uma situação de verdadeira emergência.

O assunto não é um exclusivo nacional. Soube-se recentemente que os nascimentos nos EUA caíram pelo sexto ano consecutivo e na China – que em tempos se viu obrigada a instituir uma política de “filho único” – o crash demográfico está a acelerar, com casamentos e nascimentos em queda livre, sobretudo desde 2017. Em Portugal, os dados mais recentes sugerem que este ano poderemos vir a registar o número de nascimentos mais baixo desde que há registo, superando o que sucedeu no período da crise financeira.

Continua a ser difícil manter muitos jovens aqui nascidos que são atraídos pelos salários mais altos do centro da Europa. E os que ficam não parecem, na generalidade, muito interessados ou com recursos para iniciar uma família. Assim, a solução mais pragmática para o problema passa certamente pela imigração.

Infelizmente, a pandemia já afastou muitos dos que tinham escolhido recentemente Portugal para viver. A escassez de oportunidades de emprego, mesmo que precário, já levou muitos a desistir. É verdade que Portugal tomou uma posição admirável logo no início de pandemia, ao garantir a permanência e o apoio na saúde a todos os imigrantes, mesmo os que não tinham a sua situação regularizada. Mas agora, já com a luz ao fundo do túnel no que à pandemia diz respeito, é o momento de reter quem por aqui ficou e atrair mais estrangeiros que pretendam construir connosco um pais próspero, culturalmente rico e… mais jovem.