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A mão que embala o berço volta a atacar e Wall Street agradece

A reação dos investidores é, para já, de confiança, nomeadamente de que nesta crise as autoridades das várias instâncias possam não estar muito atrás da curva dos acontecimentos
Ralph Orlowski/Reuters
19 Fevereiro 2020, 15h24

Um dos principais riscos económicos e sociais na China nos últimos anos tem sido um potencial abrandamento do crescimento económico para um nível em que qualquer choque global ou local possa colocar a segunda maior economia do mundo, e o país mais populoso do mundo, num perigoso caminho de inquietação social. Ou seja, uma implosão das inegáveis melhorias que o Capitalismo de Estado trouxe a centenas de milhões de chineses que saíram da pobreza extrema nas últimas décadas.

Seria uma versão descontrolada da correcção e consolidação que a economia japonesa evidenciou e que se iniciou na década de 90 do século passado, após um período prolongado de uma expansão económica absolutamente fabulosa, que empurrou o PIB per capita japonês para o topo dos países industrializados em 1990.

É por esse motivo que o impacto positivo foi muito forte, quando, há duas semanas, foi divulgada a intervenção do banco central chinês para minorar os efeitos negativos da epidemia de coronavírus, que, recordo, deu início à ultima onda de valorizações e máximos históricos em Wall Street.

Da mesma forma que hoje os mercados estão a reagir de forma optimista à notícia da Bloomberg sobre a intenção do governo chinês em apoiar uma das indústrias mais afectadas com a crise de saúde pública, as linhas aéreas, com as quarentenas locais. E o quase impedimento nacional de viagens não essenciais a provocar ainda mais danos, quando cerca de 80% das empresas internacionais de aviação deixaram de voar para a China.

Ou seja, é um “lockdown” severo, que tem sido devastador para a economia, mas que por outro lado pode ter sido a melhor opção, no sentido de conter a propagação do vírus, dando mesmo, segundo a Organização Mundial de Saúde, umas semanas de preparação extra aos restantes países.

A reacção dos investidores é para já de confiança, nomeadamente de que nesta crise as autoridades das várias instâncias possam não estar muito atrás da curva dos acontecimentos, e o caminho mais simples tem sido o da acção directa dos bancos centrais, com as minutas da Fed que irão sair hoje a serem igualmente um documento ao qual o mercado irá dar atenção, no sentido de aferir o nível de preocupação e disponibilidade dos membros do board em agir, caso necessário.

Ao nível dos sectores, as tecnológicas lideram nas valorizações, tal como aconteceu na terça-feira, enquanto os activos refúgio recuaram ligeiramente, nomeadamente no mercado accionista e cambial, onde o yen corrige -0,8%, enquanto nas matérias-primas o ouro contraria a tendência de aversão à protecção e amealha um ganho de 0,2%, para os $1,604 por onça.

O gráfico de hoje é do EURUSD, o time-frame é semanal.

 

A moeda única tem sido um dos principais activos afectados negativamente nas últimas semanas, estando agora muito perto de fechar o GAP (linha azul), uma zona que poderá proporcionar de algum suporte adicional.

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