O título pertence a um livro de Tolstoi, e conta a história da morte de um reputado Magistrado, no âmbito de uma doença terminal, sem grande explicação, derivado a um acidente ocorrido em casa que despoletou tudo, aquando dumas corriqueiras arrumações.
Mas não é do livro que trata este artigo, mas sim mais do que o livro representa, da necessidade que todos temos de viver uma vida real e de acordo com parâmetros que façam sentido.
Creio que o mais importante é sempre termos causas justas que nos façam motivar e ter força para o dia-a-dia.
De modo a que quando cheguemos ao fim da vida, não hajam pontas soltas, ou coisas deixadas por fazer que nos atormentam, como ao personagem principal de Tolstoi.
Há quem diga que a vida só faz sentido quando vista do fim para o início, e eu também acredito nisso, embora a falta de coerência não seja amiga do espírito sólido e da rigidez de carácter que permite passar pela vida de cabeça erguida.
Posto isto, o que faz sentido neste momento, pelo menos para mim, que vivo na Ilha da Madeira, é tentar contribuir para que a Ilha seja menos injusta.
Que se promova o fim do trabalho precário, que se afirme a exigência de melhores salários, que se preconize a luta constante por uma idade de reforma mais baixa, reconhecendo profissões de desgaste rápido e evidente, como por exemplo, o caso dos funcionários judiciais, em que é por demais evidente, que merecem a reforma mais cedo e sem cortes; apesar de saber que isto está dependente da Assembleia da República e não tanto da Região Autónoma.
Faz sentido também que se lute pelo términus dos monopólios, como acontece por exemplo na gestão dos Portos na Madeira.
Faz sentido a prossecução de meios de comunicação social efectivamente livres.
Faz sentido, que a Polícia tenha uma intervenção moderada e não de caça à multa ou repressão excessiva.
Faz sentido que na política se façam apenas as promessas que podem cumprir.
Faz sentido que se acabe com a teia de tráfico de influências montada.
E faz sentido que um empreendedor seja um bom empreendedor e mesmo assim remunere condignamente os seus trabalhadores, sem necessitar de grandes apoios públicos.
Faz sentido que se acabe com a dependência de subsídios.
Faz sentido que os lares e os jardins de infância funcionem em regime de quase gratuidade, subsidiados pelo Governo.
Faz sentido que haja emprego para os desempregados, e que os estudantes possam estudar gratuitamente.
Faz sentido o desagravamento da carga fiscal, buscando o Governo outras fontes de receita, designadamente o investimento de capitais próprios.
Faz sentido a protecção social, sem que as quotizações da segurança social representem um desincentivo à contratação.
Faz sentido a aposta na agricultura e em produtos regionais.
Faz sentido que se dinamize o Mercado dos Lavradores como ponto turístico de excelência.
Faz sentido que a economia de mercado, não acabe com a dignidade que cada um tem e merece.
Faz sentido isto e muito mais.
O que não tem sentido é a morte trágica e fortuita de Ivan Ilitch, que tinha muito mais porque viver.
P.S.
Citação do livro:
“A história de vida de Ivan Ilitch foi das mais simples, das mais comuns e portanto das mais terríveis.”
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