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A Morte de Ivan Ilitch

Creio que o mais importante é sempre termos causas justas que nos façam motivar e ter força para o dia-a-dia. De modo a que quando cheguemos ao fim da vida, não hajam pontas soltas, ou coisas deixadas por fazer que nos atormentam, como ao personagem principal de Tolstoi.
15 Fevereiro 2019, 07h15

O título pertence a um livro de Tolstoi, e conta a história da morte de um reputado Magistrado, no âmbito de uma doença terminal, sem grande explicação, derivado a um acidente ocorrido em casa que despoletou tudo, aquando dumas corriqueiras arrumações.

Mas não é do livro que trata este artigo, mas sim mais do que o livro representa, da necessidade que todos temos de viver uma vida real e de acordo com parâmetros que façam sentido.

Creio que o mais importante é sempre termos causas justas que nos façam motivar e ter força para o dia-a-dia.

De modo a que quando cheguemos ao fim da vida, não hajam pontas soltas, ou coisas deixadas por fazer que nos atormentam, como ao personagem principal de Tolstoi.

Há quem diga que a vida só faz sentido quando vista do fim para o início, e eu também acredito nisso, embora a falta de coerência não seja amiga do espírito sólido e da rigidez de carácter que permite passar pela vida de cabeça erguida.

Posto isto, o que faz sentido neste momento, pelo menos para mim, que vivo na Ilha da Madeira, é tentar contribuir para que a Ilha seja menos injusta.

Que se promova o fim do trabalho precário, que se afirme a exigência de melhores salários, que se preconize a luta constante por uma idade de reforma mais baixa, reconhecendo profissões de desgaste rápido e evidente, como por exemplo, o caso dos funcionários judiciais, em que é por demais evidente, que merecem a reforma mais cedo e sem cortes; apesar de saber que isto está dependente da Assembleia da República e não tanto da Região Autónoma.

Faz sentido também que se lute pelo términus dos monopólios, como acontece por exemplo na gestão dos Portos na Madeira.

Faz sentido a prossecução de meios de comunicação social efectivamente livres.

Faz sentido, que a Polícia tenha uma intervenção moderada e não de caça à multa ou repressão excessiva.

Faz sentido que na política se façam apenas as promessas que podem cumprir.

Faz sentido que se acabe com a teia de tráfico de influências montada.

E faz sentido que um empreendedor seja um bom empreendedor e mesmo assim remunere condignamente os seus trabalhadores, sem necessitar de grandes apoios públicos.

Faz sentido que se acabe com a dependência de subsídios.

Faz sentido que os lares e os jardins de infância funcionem em regime de quase gratuidade, subsidiados pelo Governo.

Faz sentido que haja emprego para os desempregados, e que os estudantes possam estudar gratuitamente.

Faz sentido o desagravamento da carga fiscal, buscando o Governo outras fontes de receita, designadamente o investimento de capitais próprios.

Faz sentido a protecção social, sem que as quotizações da segurança social representem um desincentivo à contratação.

Faz sentido a aposta na agricultura e em produtos regionais.

Faz sentido que se dinamize o Mercado dos Lavradores como ponto turístico de excelência.

Faz sentido que a economia de mercado, não acabe com a dignidade que cada um tem e merece.

Faz sentido isto e muito mais.

O que não tem sentido é a morte trágica e fortuita de Ivan Ilitch, que tinha muito mais porque viver.

P.S.

Citação do livro:

“A história de vida de Ivan Ilitch foi das mais simples, das mais comuns e portanto das mais terríveis.”

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