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A nova vida de Pedro Passos Coelho

Ex-primeiro-ministro está a escrever um livro sobre a sua governação nos tempos do resgate e pós-troika. Dar aulas e consultoria são outros desafios.
  • Rafael Marchante/Reuters
28 Janeiro 2018, 16h00

Pedro Passos Coelho está a preparar um novo projeto após a sua saída da vida política. O antigo primeiro-ministro está a escrever um livro sobre os tempos da sua governação e da ‘troika’, revelou ao Jornal Económico fonte próxima ao ex-governante. Passos planeia ainda dar aulas e poderá estar a caminho do mundo empresarial: uma das quatro maiores empresas de auditoria e consultoria que operam em Portugal ou empresas da área industrial com enfoque nas exportações.

Estes projetos são dados como prováveis para o futuro profissional de Passos Coelho, prestes a ser sucedido por Rui Rio na presidência do PSD e a abdicar do mandato de deputado à Assembleia da República (AR).
As mesmas fontes dão conta de que a licenciatura em Economia de Passos Coelho e a sua experiência na governação “são sempre uma mais-valia para qualquer empresa”. E dão ainda conta o político “pondera, a médio prazo, a leccionar na Universidade Lusíada”.

Passos Coelho deixará de ser líder do partido – após oito anos como presidente – e também de ser deputado, o que indicia um afastamento da vida política ativa pelo homem que chefiou o Governo durante a sua governação, grande parte da qual sob resgate financeiro da “troika”, entre 2011 e 2015.

Recorde-se que o memorando de entendimento português com a Comissão Europeia, o BCE e o FMI tem data de 17 de maio de 2011, e esse foi também o dia, três anos depois, em 2014, que se convencionou para marcar o fim do programa de ajustamento. Mas só foi formalmente fechado mais de mês depois, sem a aprovação da última revisão ao programa, e com o país a prescindir da última tranche de financiamento da troika.

Depois de ter anunciado que não seria candidato a um próximo mandato e que não ficaria a “rondar” no partido, o líder social-democrata pretende, assim, deixar a política em toda a linha. “Não ficarei cá a rondar. Tenho 53 anos, não deixo de expressar as minhas ideias, mas não andarei a rondar e assombrar quem ficar. Desejo do fundo do coração o melhor para o meu partido e para o meu país”, garantiu Passos no discurso do Conselho Nacional do PSD após a derrota nas autárquicas.

O presidente cessante do PSD comunicou a 11 de janeiro grupo parlamentar social-democrata que irá sair do Parlamento no final do próximo mês, já depois de realizado o Congresso Nacional do partido, agendado para Lisboa, entre os dias 16 e 18 de fevereiro.

O ex-primeiro-ministro anunciou que não se recandidataria às eleições internas do PSD no passado dia 3 de outubro, justificando tal decisão com a pesada derrota do partido nas eleições autárquicas, em que o partido obteve um resultado “pesado e isso é ineludível”. Passos explicou ainda saída da liderança do PSD por considerar que uma nova liderança teria “melhores possibilidades de sucesso”.

Negrão na linha da frente

No que respeita à liderança da bancada parlamentar do PSD, o Jornal Económico apurou junto de várias fontes do partido que o deputado Fernando Negrão deverá ser o escolhido para suceder a Hugo Soares. Pelo menos é essa a convicção generalizada, a par da ideia de que a antecipação do nome do escolhido poderá levar Rui Rio a mudar de ideias “para contrariar a especulação da comunicação social”.

Ou seja, as fontes contactadas dizem que Negrão está na linha da frente, mas recusam “dar certezas absolutas” quanto a essa matéria para “não o queimar”. Outro nome que agrada a Rio é o de Luís Marques Guedes.

Questionado sobre a possível liderança da bancada parlamentar, Negrão assegurou ao Jornal Económico: “não sei de nada”. Sobre a conversa com Feliciano Barreiras Duarte, o ex-ministro da Justiça do Governo PSD/CDS adianta que “foi discutida a situação do PSD, mas o tema da liderança do grupo parlamentar não este em cima da mesa”.

“Disse que, depois das diretas, seria importante avançar com a discussão dos problemas do país e não do PSD”, afirma Negrão, dando conta que foi ainda questionado pelo deputado que apoiou Rui Rio nas eleições se estava disponível para colaborar. “Obviamente disse que sim”, acrescenta, realçando que não devia fazer perguntas sobre a liderança da banca parlamentar, pois não faz parte dos órgãos do PSD.

 

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