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“A origem do bem e do mal”

O homem tem de apostar mais no regresso à sua génese mais natural e afastar-se mais da era industrial mal dimensionada, poluidora, artificial, sem responsabilidade social e do lucro a todo o custo para apenas alguns, esquecendo-se da comunidade local e do país no geral.
12 Fevereiro 2018, 09h35

Esta frase simples e muito usual e banal remete-nos para uma questão muito complexa e com muitas perguntas por responder, ou seja, o que é a natureza humana?

Vamos recolher alguns conceitos e reflexões para tentar dar um contributo positivo, ou seja, promover o bem em detrimento do mal. Só assim poderemos ter mais hipóteses para um melhor presente e futuro para hoje e amanhã.

Para a Psicologia, este conceito expressa a própria dimensão do homem, ou seja, a sua verdadeira essência. Como consequência surgem várias teorias sobre esta problemática. Para Platão, a natureza do homem está formada por um corpo perecível e uma alma eterna que pode alcançar o conhecimento. A alma apresenta três dimensões ou partes: uma que atenda aos desejos e às vontades do individuo; uma parte racional e uma que rege nosso temperamento. Embora cada uma destas dimensões cumpre uma função específica, é a parte racional que deve reger o indivíduo. Segundo a visão do Cristianismo, a natureza humana é uma criação de Deus, que nos criou para que possamos fazer parte dele. Nosso livre arbítrio sobre o bem e o mal é o que nos define como indivíduos, por sua vez, permitindo-nos alcançar a vida eterna. Esta questão tem tido muitas outras teorias. Temos uma outra que defende que a natureza humana não deve ser considerada como uma estrutura uniforme que nunca muda, mas que existem diferentes significados sobre a nossa essência dependendo do momento histórico em que vivemos.

É urgente mudar de paradigma da natureza humana para este século e para os próximos, o mais rápido possível. Senão vejamos dois exemplos muito simples mas fundamentais para a vida de todos os seres vivos deste planeta. O primeiro é sobre o ar que respiramos. Por tudo e por nada é fazer queimadas no lugar da reutilização ou compostagem. Já sem falar nos transportes rodoviários que mais parecem máquinas a vapor na libertação de fumos negros. Não há fiscalização para estes atos ilegais ou de falta de conhecimento e /ou civismo. A outra situação é o uso que se dá à água. É tratada por algumas pessoas e empresas como um recurso sem valor, com ordem para sujar o máximo possível, como por exemplo na criação de suínos numa freguesia no concelho do Funchal ou na produção de pasta de papel no rio Tejo, junto ao açude de Abrantes. Deveriam ser casos de fiscalização mais apertada e com penas mais elevadas, principalmente a Empresa CelTejo. Esta empresa tem um grande historial de poluição sistemática deste importante rio internacional e fundamental para Portugal. Compensa mais pagar a multa, processar o denunciante do que construir uma estação de tratamento de águas residuais, como exige a União Europeia.

O homem tem de apostar mais no regresso à sua génese mais natural e afastar-se mais da era industrial mal dimensionada, poluidora, artificial, sem responsabilidade social e do lucro a todo o custo para apenas alguns, esquecendo-se da comunidade local e do país no geral. As pessoas e os restantes seres vivos têm mais a ganhar numa economia mais amiga da natureza, harmoniosa e integrada. Será um regresso à natureza humana mais ligada aos valores naturais e pelo respeito de todos os direitos humanos, sem esquecer os restantes seres vivos e outros elementos da natureza.

Natureza humana deverá ser sinónimo de desenvolvimento sustentável, com base numa economia circular ecológica e simples mas gerida com base nos recursos finitos do nosso planeta e tendo em conta, principalmente, as próximas gerações de seres humanos mais saudáveis em termos físicos, mentais e sociais capazes de enfrentar os grandes problemas presentes e futuros que serão um desafio permanente na luta pela sobrevivência humana neste sistema solar onde o planeta Terra tem o seu lugar cativo para os próximos milhões de anos.

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