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A política em Portugal: No que é que nos tornamos e para onde caminhamos?

Abstractamente, a política deveria ser um acto de abnegação, ou seja, a classe política deveria ser composta por um conjunto de indivíduos que, de forma livre e desinteressada, dedicam a sua vida a servir o povo Português e a melhorar a vida dos cidadãos, sendo esta a génese do que deveria ser o exercício de cargos públicos – saber servir e fazê-lo de forma desinteressada e acima de tudo em prol do bem público (de todos nós).
7 Agosto 2019, 07h15

A nível nacional vivem-se tempos na política portuguesa que não são os mais lisonjeadores para a classe política em Portugal Continental, que me parece mais preocupada em servir-se a si própria e aos seus amigos e familiares, em detrimento dos cidadãos e do povo para os quais foram eleitos para servir.

É este o caso do socialista Carlos César basicamente, numa só legislatura conseguiu nomear a família quase toda para cargos públicos, é o caso de Vieira da Silva, que conseguiu que a sua própria filha fosse nomeada Ministra e, pela primeira vez na história da política nacional, se sentasse no mesmo Conselho de Ministros que o seu pai, é o caso do filho do histórico socialista João Cravinho que foi nomeado Ministro da Defesa, é o caso de contratos públicos para os quais são indicadas empresas de amigos ou familiares (ainda recentemente se viu como se gastou 350 mil euros do dinheiro de todos nós em golas anti fumo que afinal não serviam para nada e entretanto, vemos o país a arder, novamente, de forma calamitosa, sem que se apurem responsabilidades ou indiquem medidas.

Chegados a este ponto, é importante reflectirmos todos sobre o estado actual da nossa sociedade e, concretamente, no que se está a tornar a classe política do nosso país, com especial preocupação para o que se está a passar no panorama político a nível nacional, em que a classe política socialista começa a assumir contornos de monarquia com o poder a passar os pais para os filhos em detrimento de uma meritocracia, em que os cargos políticos são exercidos pelos melhores e mais bem preparados do nosso país.

Mais preocupante ainda, é o facto de se estar a tentar passar para a Madeira tudo o que de mal se está a fazer em Portugal Continental, veja-se o caso do presidente do PS Madeira que apressou-se a colocar o seu próprio filho na lista das eleições legislativas em segundo lugar (lugar garantidamente elegível) e a ideia de fazer uma solução governativa de “geringonça” para a Madeira (com partidos que sempre rejeitaram pilares fundamentais da economia madeirense como o Centro Internacional de Negócios), como forma, única e exclusiva, de conseguir satisfazer egos e ambições exclusivamente pessoais.

Abstractamente, a política deveria ser um acto de abnegação, ou seja, a classe política deveria ser composta por um conjunto de indivíduos que, de forma livre e desinteressada, dedicam a sua vida a servir o povo Português e a melhorar a vida dos cidadãos, sendo esta a génese do que deveria ser o exercício de cargos públicos – saber servir e fazê-lo de forma desinteressada e acima de tudo em prol do bem público (de todos nós).

Ora, chegados a 2019 verificamos que a ideia de “serviço público” foi completamente virada do avesso, e vejo com preocupação, como cidadão, que as pessoas que hoje em dia candidatam-se a cargos públicos fazem-nos por todas as razões erradas, assentes na ideia de se servir a si próprios, e aos seus egos, e aos seus amigos e familiares, ficando o povo e os cidadãos para total segundo plano.

Estamos em ano de eleições, que nós todos temos de parar para pensar no que deixamos a classe política nacional se tornar e para onde caminhamos, e que, pelo menos por uma vez na vida, se faça o que tem de ser feito, quer se nomeie os melhores e mais bem preparados para servir os interesses do Povo Português em primeiro lugar e deixando para depois as estratégias políticas de poder, que tanto têm descredibilizado a política e trazido um grande afastamento e alheamento dos cidadãos da discussão pública e do exercício dos seus deveres cívicos.

Com esta reflexão, desejo a todos uma Boas férias e um Bom Verão 2019!

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