Vários organismos de aviação reviram recentemente em baixa as suas previsões sobre as viagens aéreas devido a um retomar lento da economia, a desconfiança dos passageiros em relação à Covid-19, e a confusão criada devido às medidas unilaterais impostas por diferentes países que criam confusão nos passageiros.
A Organização Europeia para a Segurança da Navegação Aérea (Eurocontrol) foi uma das organizações que reviu recentemente em baixa as suas previsões para as viagens aéreas.
Para fevereiro de 2021, a Eurocontrol previu em abril deste ano que as viagens aéreas estivessem apenas 15% abaixo do registado em janeiro de 2020.
Em setembro, a Eurocontrol fez uma revisão em baixa: as viagens aéreas em fevereiro de 2021 vão estar 50% abaixo do registado em tempos pré-Covid.
Olhando para este mês, o organismo aponta que o nível de viagens continua 53% abaixo do registado pré-pandemia.
“O nosso cenário poderia melhorar se houvesse mais coordenação entre países sobre a melhor forma de lidar com as viagens aéreas através de testagem harmonizada e critérios comuns de avaliação epidemiológica. Isso iria dar mais previsibilidade aos passageiros, aeroportos e companhias aéreas”, disse o diretor-geral da Eurocontrol, Eamonn Brennan, numa análise divulgada em meados de setembro.
“Isso iria dar mais previsibilidade aos passageiros, aeroportos e companhias áereas. Ao mesmo tempo, poderia ainda piorar mais se os estados continuarem a impor restrições muito alargadas e medidas de quarentena. Esta abordagem está a matar a indústria de viagens e de turismo. Agradecemos à Comissão Europeia por propostas de harmonização e encorajamento a todos para as adotarem”, acrescentou.
Este cenário negativo deve-se a vários fatores, aponta a Eurocontrol: os países continuam sem se coordenar nas suas respostas às viagens aéreas; os passageiros de negócios e de lazer continuam sem voar devido à incerteza da Covid-19, e devido à confusão sobre as medidas de quarentena e restrições a aplicar pelos países; as companhias aéreas vão continuar a reduzir a sua capacidade em resposta à queda nas vendas de bilhetes; o regresso das operações intercontinentais vai ser muito limitado.
“Muitas vezes, essas medidas são anunciadas com muito pouca antecedência. Esta abordagem descoordenada pelos países provocou muita confusão e e provocou desconfiança entre os passageiros. As reservas aéreas para os próximos meses são extremamente baixas”, conclui a Eurocontrol.
Esta organização aponta que as companhias aéreas, aeroportos e gestores de tráfego aéreo na Europa deverão registar um prejuízo de 140 mil milhões de euros este ano.
Também as previsões da ICAO (Organização Internacional da Aviação Civil) têm vindo a deteriorar-se. Em maio, a organização apontava que em dezembro a diferença entre o número de passageiros a voar face ao mesmo mês de 2019 iria ser de menos 19 milhões. Em setembro, a ICAO revia esta estimativa em baixa apontava que em dezembro menos 112 milhões de pessoas iriam voar face ao período homólogo.
A ICAO aponta que a quebra do número de passageiros este ano na Europa vai chegar aos 64,5%, menos 1,600 milhões de passageiros transportados.
As receitas dos aeroportos deverão cair em 65% para menos 38.800 milhões de dólares, com as companhias aéreas europeias a registarem menos 21,5 mil milhões de dólares de lucros este ano.
Por sua vez, Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) aponta que as companhias aéreas mundiais só vão regressar a níveis pré-Covid em 2024.
Mas esta previsão só é válida no melhor cenário, em que as viagens regressam a níveis pré-pandemia rapidamente. Um ano antes, em 2023, as viagens mundiais poderão já estar próximas do ritmo pré-Covid, nos 98% em que 100% representa o nível de viagens mundiais em 2019.
No pior cenário, em que a crise do coronavírus provoca impactos mais duradouros, em 2024 as viagens só vão recuperar três quartos face ao nível pré-Covid.
A reduzida procura por viagens também vai ter impactos nos preços das viagens, com a IATA a prever uma queda nos preços médios dos voos, de 317 dólares em médio em 2019, para 254 dólares em 2020 e 257 dólares em 2021. Assim, face aos preços praticados em 1998, o preço dos bilhetes vai estar 68% mais barato.
Numa análise feita em meados de 2020, a IATA apontava que a recuperação no segundo semestre iria ter lugar “nos mercados domésticos e depois através de uma abertura gradual dos mercados internacionais. Contudo, a recessão global e uma confiança do consumidor fraca vai colocar pressão na recuperação da procura”.
Nas suas contas, a IATA prevê que o yield (a receita gerada por quilómetro voado por passageiro) vai cair 15% em 2020 e 2021 face ao registado em 2019, o que vai implicar menos receitas para as companhias aéreas.
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