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“A resposta [ao Brexit] deverá ser novas eleições ou um novo referendo”, diz Udo Bullmann

Presidente do Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas do Parlamento Europeu diz, em declarações ao Jornal Económico, que fenómenos como o Brexit ou grupos nacionalistas contribuíram para aumentar a consciência “sobre a necessidade de lutar pela Europa”.
  • REUTERS/Vincent Kessler
8 Abril 2019, 07h45

Udo Bullmann, presidente do Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas do Parlamento Europeu, defende que a resposta ao impasse do Brexit deverá passar por novas eleições ou um novo referendo.

“Todos os dias há alterações sobre esta situação. Como é que se pode retomar o controlo? Até agora, acho que a resposta será uma nova eleição no Reino Unido ou um novo referendo”, disse Udo Bullmann em declarações ao Jornal Económico.

O presidente do grupo S&D realça que apesar dos constrangimentos do processo, o divórcio entre o Reino Unido e a União Europeia tem contribuído para atenuar o gap entre os cidadãos e as instituições europeias.

“Alguns focos externos como o Brexit e alguns movimentos que gostariam de desconstruir a Europa, de abolir a União Europeia, têm amadurecido muitos cidadãos e tornado-os mais conscientes sobre a necessidade de lutar pela Europa”, referiu, acrescentando que “com o Brexit, as pessoas veem agora o verdadeiro perigo de se dividirem”.

Udo Bullmann, que estará esta segunda-feira em Lisboa para participar na conferência  “Bem estar para todos numa Europa sustentável”, organizada pelo grupo S&D, Progressive Society e Fundação Res Pública, diz que o objetivo para as eleições europeias em junho é uma maioria que permitir implementar uma “verdadeira política europeia” e que esta deverá ser a resposta à emergência de forças nacionalistas.

“Não existe automatismo. Temos que lutar pela nossa causa, temos que lutar pelo nosso programa. O que é importante é falar com os cidadãos, com aqueles que ficaram desapontados durante a última década. É hora de virar a página”, referiu.

Para o presidente do grupo S&D, foi esta a génese da agenda de desenvolvimento que irá ser apresentada esta segunda-feira e que têm como pano de fundo desafios como a digitalização, as mudanças tecnológicas e as alterações climáticas.

“A economia de mercado tem que servir as pessoas e não as pessoas servirem o mercado. Os mercados financeiros têm que servir o verdadeiro interesse das pessoas reais, têm que seguir formas dignas. Não é a forma exagerada e que tivemos depois como resultado o que aconteceu em 2008, 2009”, disse.

“Tivemos grandes problemas em toda a Europa. Vimos o declínio absoluto da economia, o desemprego, especialmente dos jovens. Vimos uma falta de investimento e, em seguida, a resposta a isso”, enumerou.

É neste sentido que elogia os resultados alcançados pelo governo e deixa críticas à intervenção da Troika. “Na Alemanha, os políticos alemães defendem uma forte política de investimento, mas noutros países, especialmente no sul, o que assistimos foi a Troika a defender uma orientação puramente de austeridade. O efeito foi um prolongamento da crise profunda. Vimos isso devido às estratégias antidemocráticas e injustificáveis da troika, que terminaram [em Portugal] com António Costa, que apostou numa nova abordagem de desenvolvimento económico. Jogar dentro das regras, não violar as regras, investir na economia e colocar Portugal de volta aos eixos”, conclui.

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