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À terceira é de vez: Luís Miguel Ribeiro renova mandato na AEP este mês

O atual presidente da AEP concorre sem oposição a uma renovação do mandato. Depois de dois adiamentos, os votos serão contados dia 12 de junho. Até 2026, o líder do cluster empresarial quer ter um papel mais central nas políticas públicas e colocar Portugal cada vez mais no mapa.
11 Junho 2023, 19h00

Artigo originalmente publicado no caderno NOVO Economia de 3 de junho, com a edição impressa do Semanário NOVO.

Não foi à segunda, mas à terceira deverá ser de vez. As primeiras eleições estavam agendadas para 17 de abril, mas uma irregularidade na convocatória fez com que os associados da AEP só fossem chamados às urnas na passada segunda-feira, 29 de maio. Desta feita, foi um atraso dos CTT no envio dos boletins de voto que ditou o segundo adiamento do ato eleitoral que deverá reeleger Luís Miguel Ribeiro. Os votos deverão estar todos contabilizados a 12 de Junho mas, sendo esta a única lista a concorrer ao conselho de administração, é já possível antever o que espera o atual (e futuro) presidente da associação para o mandato dos próximos quatro anos.

Em entrevista ao NOVO Economia [ver texto ao lado], Ribeiro esboça um futuro assente no trabalho já concretizado, mas os tempos serão outros, com desafios de uma natureza próxima mas distinta dos últimos anos. Por um lado, o sector empresarial emerge de sucessivas crises – primeiro, uma de saúde pública e, depois, um quadro macroeconómico difícil de navegar. Por outro lado, os próximos quatro anos serão também marcados pela execução do Plano de Recuperação e Resiliência. A somar a um cenário já desafiante está a instabilidade governativa, que já no início do ano fez soar alarmes junto dos associados do Fórum de Administradores e Gestores de Empresas (FAE), cujo barómetro revelava que os receios quanto à governabilidade do país ocupavam o pódio das preocupações dos líderes das principais empresas portuguesas. O sentimento deverá contagiar o resto do sector empresarial e os recados do presidente da AEP dão nota disso mesmo. Da ação governativa, diz Ribeiro, esperam-se “políticas públicas promotoras de acréscimos sustentados de produtividade, que atuem sobre a correção de debilidades estruturais e a eliminação de custos de contexto”. Para isso, sublinha, é necessária “uma verdadeira reforma do Estado”, do qual se exige “um papel regulador”.

A proposta de ação para o novo mandato divide-se em dois eixos principais. O primeiro pretende reforçar a oferta de serviços à comunidade empresarial e o segundo prevê um fortalecimento da capacidade de intervenção institucional da AEP. Em foco está, sem surpresas, a aposta na internacionalização das empresas, numa altura em que o sector exportador contribui já para mais de metade do PIB nacional. Há também a intenção de reforçar a competitividade do tecido empresarial, nomeadamente pela vertente inovadora, mas também com uma atenção acrescida à requalificação, formação e promoção de competências. Os desafios do talento – e do recrutamento – há muito que têm vindo a ser sublinhados pelos gestores.

Contudo, na vertente mais prática, a lista de Luís Miguel Ribeiro assume a intenção de se aproximar do Governo e dos parceiros sociais – e fica claro, na entrevista que dá ao NOVO Economia, que essa influência é uma meta. Tal como o responsável é claro em afirmar que há uma bolha de potencial no norte do país, em particular na articulação com a região espanhola da Galiza, que recebe destaque no plano de ação para os próximos quatro anos. “De nada adianta querer (re)distribuir mais se não forem criadas, a montante, as condições necessárias que permitam alcançar uma trajetória de crescimento mais robusta e sustentada que se traduza na maior capacidade de criação e acumulação de riqueza e de melhoria do nível de desenvolvimento e de bem-estar”, lê-se nesse documento.

“Reafirmamos que a melhor forma de atender, financeira e duradouramente, às preocupações sociais, sem hipotecar o futuro, passa por reconhecer e reforçar o papel da iniciativa empresarial privada”, expõe ainda a lista do candidato que deverá ser reconduzido à frente da AEP ainda este mês.

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