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Abundância de espécies exóticas está associada à degradação dos rios

Estudo da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra, liderado por Maria João Feio, mostra que a qualidade ecológica dos rios pode ser inferior devido à presença de espécies exóticas.
27 Janeiro 2025, 11h22

A abundância de espécies exóticas está associada à degradação dos rios, tendo um efeito significativo na abundância e presença das espécies nativa, conclui um estudo da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

O estudo -liderado por Maria João Feio, do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) do Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, que também envolveu Janine Silva e Sónica Serra da mesma unidade – comprova que poucos índices biológicos usados na monitorização dos rios contemplam a análise das espécies exóticas.

“Este estudo teve como objetivo compreender, a nível mundial, se a avaliação da qualidade ecológica dos rios reflete a presença de espécies exóticas (não-nativas de uma região) nos ecossistemas ribeirinhos”, explica Maria João Feio. “Em Portugal, assim como em toda a Comunidade Europeia, e em vários países do mundo, existem índices baseados nas comunidades aquáticas de peixes, invertebrados, microalgas e plantas aquáticas, considerados bioindicadores de qualidade ecológica”.

Segundo Maria João Feio, quando muitos destes índices foram desenvolvidos não existiam ou não eram conhecidas tantas espécies invasoras aquáticas. “Desta forma, tentamos perceber quais destes grupos biológicos têm mais espécies exóticas reportadas e conhecidas, se os índices existentes contemplam a avaliação específica de espécies exóticas e se, contemplando ou não, os índices refletem o efeito das espécies exóticas na qualidade do ecossistema”, revela.

Os autores concluíram também que em 17 países dos seis continentes as espécies exóticas mais reportadas dentro dos grupos de bioindicadores aquáticos são os peixes, devido ao seu tamanho, valor comercial e maior conhecimento histórico das espécies nativas. No que respeita às microalgas exóticas, são as menos conhecidas, seguidas dos invertebrados bentónicos.

Face aos resultados, os especialistas recomendam a inclusão de métricas específicas para espécies exóticas nos índices de qualidade biológica utilizados na avaliação ecológica dos rios; o aumento da investigação da taxa de exóticos de grupos de organismos aquáticos mais pequenos; a necessidade de investir na identificação taxonómica ao nível da espécie em programas de monitorização, de forma a reconhecer espécies exóticas; e a necessidade de incentivar comportamentos que previnam invasões aquáticas nos rios, entre outras medidas.

O estudo está publicado na revista científica “Journal of Environmental Management”.

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