A ação da Savannah disparou mais de 126% no espaço de um ano. Cada papel da mineira britânica vale agora 4,35 cêntimos de libra, tendo fechado a sessão de sexta-feira a subir 1,16%.
A cotada responsável pelo projeto de lítio em Boticas, Vila Real, vale agora mais de 93 milhões de libras em termos de capitalização bolsista em Londres.
O CEO da companhia acredita que existe “potencial significativo de valorização” da ação numa chamada com investidores.
O disparo nas ações teve lugar ao longo do ano de 2024, com a entrada de vários acionistas de referência, que serviram para estabilizar o coração acionista da companhia: os alemães da AMG, o empresário português Mário Ferreira e a Lusiaves , grupo fundado pelo empresário Avelino Gaspar
“Recuperámos agora algum do valor. Estamos significativamente sub-avaliados face aos concorrentes globais que estão em posição de entregar projetos nos próximos 3 a 7 anos. Vamos fazer crescer o valor potencial do projeto, isto vai criar mais valor”, disse Emanuel Proença tendo também pronunciado as palavras mágicas em qualquer empresa que queira ser levada a sério: “vamos criar mais valor para os nossos acionistas”.
O maior acionista da companhia são os alemães da AMG Lithium, empresa especializada na refinação de lítio, com quase 16% da companhia. Segue-se a Al Marjan com 13%, um fundo privado de investimento de Omã, acionista desde 2015 e que já chegou a ter 30% da companhia, fruto da sua anterior aposta em minas de cobre no país do Golfo Pérsico.
A AMG conta com uma refinaria de hidróxido de lítio perto de Berlim, com capacidade para processar 20 mil toneladas de hidróxido de lítio por ano: o suficiente para produzir 500 mil baterias para carros elétricos.
Na terceira posição, surge Mário Ferreira com 10%, seguido dos também portugueses do Grupo Lusiaves com 7%, com os dois maiores acionistas portugueses a deterem já 17% da companhia. O grupo agroalimentar fundado por Avelino Mota Gaspar tem sede em Marinha das Ondas, Figueira da Foz.
Já Mário Ferreira, conhecido dos portugueses do programa ‘Shark Tank’, ganhou a alcunha de ‘tubarão do Douro’ à boleia dos cruzeiros fluviais no rio nortenho, mas já se expandiu para os mares de todo o mundo com a Mystic Cruises. É dono da TVI e dos cruzeiros Douro Azul. Em 2022, tornou-se no primeiro português a ir ao espaço numa viagem da Virgin Galactic. Agora, o empresário do Porto aposta na fileira do lítio e na transição energética.
Durante a apresentação aos investidores, destacou que a companhia é dona a 100% do projeto da mina do Barroso para explorar lítio em Boticas.
O projeto tem arranque marcado para 2027, altura em que está previsto “um aumento da procura no mercado global de lítio e no aumento devido à necessidade estratégica da União Europeia”.
Em termos de reservas, estão estimadas em 20,5 milhões de toneladas com um teor de óxido de lítio (Li₂O) de 1,05%. A vida inicial do projeto está estimada em 14 anos.
O capex inicial está estimado em 280 milhões de dólares e o breakeven está previsto quando o concentrado de espumodena atingir os 600 dólares por tonelada (SC5.5).
A companhia também destaca que conta extrair 400 mil toneladas por ano de quarto/feldspato “ideal para a indústria de cerâmica ibérica (tijolos, loiça de cozinha)”, estando também a ser estudado a possibilidade de fornecer a indústria vidreira, de cosméticos e de isolamento.
Em termos de financiamento, a empresa garante que está “bem financiada”, com 20 milhões de dólares e sem dívidas. A companhia também poderá vir a garantir um empréstimo de 270 milhões de dólares por parte do Governo alemão.
Por outro lado, está aberta a realizar mais parcerias pois ainda tem de vender entre 50% a 75% da sua produção, com os restantes 25% a serem fornecidos ao seu acionista AMG.
Apesar do anunciado abrandamento do mercado dos carros elétricos, a verdade é que as vendas dispararam 25% em todo o mundo em 2024.
A procura de lítio deverá crescer 800% em todo o mundo até 2040, segundo as previsões da Agência Internacional de Energia (IEA).
Para este ano, a companhia espera concluir o licenciamento ambiental, os estudos técnicos, as avaliações das reservas, o que irá permitir atualizar os valores, preparar o financiamento e continuar à procura de parcerias estratégicas.
Em 2026, será tomada a decisão final de investimento e concluído o financiamento, com a confirmação dos parceiros estratégicos, com o arranque da construção.
Em 2027, a construção fica concluída e arranca a produção.
Sobre a possibilidade de a empresa ser alvo de uma oferta hostil, Emanuel Proença considera que estão “mais bem preparados para fazer face a este cenário do que há um ano”, destacando a estrutura acionista.
Sobre o empréstimo da Alemanha, disse que a empresa “continua em conversações com outros governos e outras entidades” públicas e privadas, incluindo bancos de investimento. Destacou também que vários governos europeus deverão desenvolver apoios, como Alemanha, França, Itália, Espanha ou Portugal, dada a importância das baterias.
No caso mais concreto: “estamos muito felizes de ter o apoio público do Estado alemão. Vamos continuar a trabalhar noutros apoios”.
Sobre parcerias, disse haver “espaço” para mais parceiros estratégicos. “A maior parte da produção ainda está disponível”, mas garante que não está com pressa.
O gestor também disse que um investidor institucional português tem vindo a reforçar a sua participação na empresa, mas que ainda não atingiu o valor mínimo de capital para ser comunicado ao mercado.
Emanuel Proença também espera que a Comissão Europeia considera este ano que o projeto seja considerado estratégico, o que irá permitir abrir mais portas, inclusive ao nível do financiamento, pois funciona como uma espécie de certificação de que o projeto é considerado essencial por Bruxelas.
Por sua vez, o chairman da empresa Rick Anton destacou que a companhia já faria “dinheiro aos preços atuais”, se estivesse já a extrair e a vender o lítio. “Somos rentáveis”, concluiu.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com