Cerca de um terço dos acionistas rejeitou hoje a política de remuneração da Stellantis, em que se inclui o pagamento de 23,1 milhões de euros ao antigo presidente executivo, Carlos Tavares, que saiu em dezembro, após resultados dececionantes.
O relatório de remuneração relativo a 2024 foi aprovado com 66,9% dos mais dos 1.557,6 milhões de votos pelos acionistas que participaram na assembleia-geral, que decorreu hoje em Amesterdão, Países Baixos.
Os acionistas têm sido geralmente contrários às remunerações propostas nos últimos anos. Em 2022, 52% dos votos foram contra, baixando para 48% em 2023 e 30% no ano passado, ainda que nenhuma das votações contra tenha impedido estes pagamentos.
A política de remuneração do grupo, um dos maiores do mundo, tem sido criticada por alguns acionistas, tendo a AllianzGI – com menos de 1% – anunciado que iria votar contra este ponto no encontro de hoje.
Na abertura, o ‘chairman’ da Stellantis, John Elkann, admitiu que 2024 “não foi um bom ano” para a gigante automóvel.
A Stellantis, que agrupa 14 marcas na Europa e na América, como Fiat, Citroen, Peugeot, Opel, Chrysler e Jeep, obteve lucros de 5.520 milhões de euros em 2024, que comparam com 18.625 milhões de euros no ano anterior.
“Deixem-me começar por dizer que 2024 não foi um bom ano para a Stellantis. As razões para isso foram em parte por nossa causa, o que torna isto ainda mais desapontante”, afirmou.
Apesar dos resultados abaixo do esperado, as contas de 2024 foram aprovadas por 99,8% dos votos expressos, uma percentagem que também aprovou a distribuição de dividendos.
No início da sua intervenção, Elkann, herdeiro da família Agnelli, recordou a saída do antigo presidente executivo (CEO) do grupo, Carlos Tavares, no final de dezembro.
Segundo o presidente do Conselho de Administração (‘chairman’) do grupo que nasceu da fusão entre a PSA e a Fiat-Chrysler, em 2020, Carlos Tavares, “em desalinhamento com o quadro” de diretores da Stellantis.
Além dos 23,1 milhões de euros referentes ao exercício, Carlos Tavares deverá receber dois milhões de euros de indemnização e um bónus de 10 milhões de euros pela “concretização de um marco na transformação da empresa”.
A Proxinvest criticou o pagamento de uma indemnização a um gestor que se demitiu. “Uma vez que a saída foi voluntária (…), não deveria ter sido paga qualquer indemnização ao executivo”, defendeu a empresa.
Elkann voltou a apontar o primeiro semestre como data para a nomeação de um novo CEO e que, até lá, devem ser tomadas ações importantes e decisivas para garantir que a Stellantis “está na posição mais forte possível”.
O caminho passa por reduzir ‘stocks’, fortalecer as regiões e trabalhar mais perto junto das redes de comercializadores, fornecedores e sindicatos.
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