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Acordo comercial UE-EUA provoca aumento dos preços na Europa

As novas tarifas “terão um efeito negativo sobre a procura” provocando um aumento nos preços.
1 Setembro 2025, 15h24

O acordo comercial entre a União Europeia e os Estados Unidos vai reduzir a “competitividade das empresas europeias”, segundo a Crédito y Caución, que considera que “muitas questões” ficaram no “ar”.

“Embora já tenha sido fixada uma taxa aduaneira de 15% sobre as importações provenientes da União Europeia e de 50% para determinados setores, como o aço, o alumínio, o cobre, os automóveis e os semicondutores, bem como os produtos farmacêuticos, o acordo não proporciona clareza suficiente para as empresas tomarem decisões importantes em matéria de investimentos ou contratações”, afirma o comunicado hoje divulgado pela companhia de seguros de crédito interno e de exportação.

“O impacto das novas tarifas afetará especialmente as empresas com menos musculatura financeira, aumentando o seu risco de crédito comercial. Existem também riscos associados aos compromissos da União Europeia de comprar e investir em energia nos Estados Unidos. Embora possa não ser um problema imediato, pode levar a novas tensões”, pode-se ler.

Para este ano, a companhia mantém as suas previsões em baixa para a zona euro: 1,1%, com apenas 0,8% de crescimento em 2026. “Pelo que se sabe até agora sobre o acordo comercial, não parece que venha a ser um grande impulso para a economia da União Europeia.”

As novas tarifas “terão um efeito negativo sobre a procura, uma vez que uma taxa permanente de 15% sobre a maioria das exportações aumentaria o preço dos bens por uma margem semelhante. Segundo a Oxford Economics, este aumento de preços reduziria a procura norte-americana de exportações da União Europeia”, defende a seguradora.

A UE procura novos acordos comerciais em mercados como o Chile, Índia, Indonésia, México, Filipinas e Mercosul, mas “mesmo que as negociações sejam frutuosas, é pouco provável que compensem a diminuição das exportações para os EUA, uma vez que as exportações da União Europeia para estas regiões representam cerca de 35% das exportações destinadas ao mercado norte-americano.”

A negociação de acordos comerciais significativos “leva, em média, cerca de 18 meses, e a sua implementação geralmente leva mais 24 meses, de acordo com o Fórum Económico Mundial. Por conseguinte, no caso de trazerem benefícios, estes serão eficazes a longo prazo”, avisa.

A abertura a novos mercados significa que a União Europeia “enfrenta igualmente o desafio de ser competitiva face aos seus concorrentes, uma vez que tem pouca capacidade para reduzir o preço das exportações. Ao longo da última década, os preços das exportações europeias mantiveram-se, de um modo geral, ao mesmo nível que os dos Estados Unidos, mas ultrapassaram os de países como a China, onde os custos de produção são significativamente mais baixos. Esta situação dificulta a entrada das empresas europeias em novos mercados ou o aumento da procura competindo apenas com base nos preços”, segundo a Crédito y Caución.

De forma a reforçar a sua posição em futuras negociações, a “União Europeia deve investir na sua capacidade de resistência económica, tecnológica e militar, impulsionando o comércio intra-UE e reduzindo a dependência das importações”.

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