A CIP – Confederação Empresarial de Portugal considera a previsibilidade conferida pelo acordo comercial UE-EUA positiva, sobretudo no atual contexto de extrema volatilidade, e destaca a difícil negociação com a administração Trump, mas precisa de conhecer mais detalhes antes de avaliar os reais impactos para a economia nacional, sobretudo pela via indireta. Como tal, os empresários pedem consensos entre as forças políticas para que haja reformas de fundo que confiram mais competitividade e resistência ao tecido produtivo numa perspetiva de médio e longo prazo.
O entendimento entre Washington e Bruxelas para a imposição de tarifas pelos EUA de 15% aos bens europeus bem “inicial um período de alguma previsibilidade”, começa por referir o presidente da CIP, Armindo Monteiro, lembrando os impactos negativos que a incerteza já estava a ter nas operações de inúmeras empresas exportadoras europeias. Este é “um elemento importante” para os empresários, pelo que o representante dos patrões o considera “um aspeto absolutamente positivo”.
Ainda assim, “ainda não se conhece a lista de produtos ou sectores” isentos desta taxa, um detalhe que será de extrema importância no impacto deste novo regime na economia real. As notícias que têm vindo a ser divulgadas falam em isenções para o ramo automóvel e farmacêutico, dois dos mais importantes na relação comercial de Portugal com os EUA e que estavam na mira da administração norte-americana.
Independentemente destes aspetos específicos, a solução terá de passar, defende, “por uma transformação da nossa economia”.
“Há sectores competitivos e há outros que podem ter aqui uma oportunidade. Ainda que tenhamos um acréscimo de custo, se acrescentarmos ainda mais qualidade nessa relação, podemos ficar à frente de outros produtos e outros países”, expõe.
Quanto a medidas de mitigação, Armindo Monteiro pede, em primeiro lugar, paciência para que se perceba melhor os reais efeitos, sobretudo tendo em conta as vias indiretas, dado o fornecimento intermédio de inúmeras indústrias nacionais a outros exportadores europeus para os EUA – também eles afetados por este anúncio.
Já esta segunda-feira, o secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, considerou o acordo com os EUA “o possível”, dado o contexto, e pediu ao Governo uma estimativa dos impactos do mesmo na economia nacional, considerando a exposição do sector exportador à maior economia do mundo.
“Neste momento, é difícil estabelecer isso [os impactos na economia portuguesa]. […] Fazemos exportações de forma direta e indireta para os EUA – de forma indireta, em cadeias de valor que depois têm de seguir para os EUA. Ao vender para a Europa, pode ser para um cliente final ou para um cliente intermédio que depois ainda vai vender. É muito difícil estimarmos isto com rigor”, explica.
Ressalvando que compreende “a preocupação do PS”, Armindo Monteiro gostaria de ver “uma convergência para o interesse nacional”, ou seja, “os ganhos têm de ser para a economia nacional, não para a tática político-partidária”. E, continua, numa lógica de médio e longo prazo.
“Os apoios seriam, a meu ver, muito mais necessários para transformar a economia numa lógica de médio ou longo prazo do que fazer o que normalmente fazemos– medidas avulsas e absolutamente circunstanciais, que muitas vezes nada resolvem. Porque, se fizermos isto de forma planeada, vamos conseguir combater este impacto negativo e futuros”, remata.
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