Açores querem continuar a crescer acima da média nacional

O crescimento do turismo tem sido a locomotiva da economia açoriana nos últimos anos, o que permitiu à Região crescer acima da média nacional em 2015 e 2016, os dois últimos anos para os quais o Instituto Nacional de Estatística (INE) publica informação sobre a evolução do produto interno bruto (PIB) da região autónoma. Sérgio Ávila, vice-presidente do Governo regional, entrevistado neste caderno especial, disse ao Jornal Económico que a tendência deverá ter-se mantido no ano passado. “Os Açores têm vindo a registar ao longo dos últimos anos um crescimento económico significativo e sustentável, crescendo acima da média nacional, nomeadamente nos últimos dois anos em que há estatística PIB regional”, afirmou.

Segundo os dados divulgados pelo INE, a economia açoriana registou um crescimento real de 3% em 2015, um ritmo 1,2 pontos percentuais mais intenso do que o da economia nacional. No ano seguinte, o passo abrandou para 1,6%, ainda assim uma décima acima do registado a nível nacional. “Se fizemos uma análise temporal mais abrangente, verifica-se que os Açores, nos últimos 15 anos, foram a única Região do país que convergiu em termos de PIB per capita com a União Europeia”, afirma Sérgio Ávila.

Em 2017, o crescimento da economia portuguesa acelerou substancialmente, para 2,7%. Para os Açores ainda não há dados do INE, mas o governo regional trabalha num cenário de continuação do crescimento. Até porque a taxa de desemprego continua a cair, tendo baixado, consecutivamente, de 18% no início de 2014 para os atuais 8,2%. Na hotelaria, entre o segundo trimestre do ano passado e o segundo trimestre de 2018, o emprego aumentou 50%. O presidente do Governo regional, Vasco Cordeiro, também salientou, recentemente, os bons dados do “licenciamento de obras, venda de cimento, pesca descarregada ou venda de automóveis novos”, para explicar que nem todo o crescimento na Região é turismo.

Os desafios da região não desapareceram: dispersão do território (com um sobrecusto na produção por causa do transporte), ultraperiferia (com um sobrecusto por causa do transporte) e, agora, para algumas atividades, escassez de mão de obra. Mário Fortuna, presidente da Câmara do Comércio dos Açores e da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, analisa neste caderno a situação das empresas. Diz que a economia açoriana com “resistentes da crise”, com novos empresários e com “investidores externos”. A economia sofreu muito com a crise, especialmente o sector da construção e todas as atividades que lhe estão associadas. Só que, com este novo ciclo, há oportunidades que estão a ser aproveitadas – puxadas pelo crescimento do turismo –, mas não só, porque também se incentiva o empreendedorismo, como é o caso do Terceira Tech Island, lançado no início deste ano, com a criação de cursos de formação em programação, e que já conseguiu captar o investimento de seis empresas, que se instalaram na ilha.

“Só podemos estar satisfeitos com o caminho percorrido, com a nova dinâmica de investimento privado e empresarial que hoje se vive nos Açores”, afirma Sérgio Ávila ao Jornal Económico. “Os resultados são bons, mas vamos continuar determinados, a progredir, a aperfeiçoar e a incrementar, ainda mais, esta dinâmica com vista a um maior crescimento do emprego, geração de mais riqueza, mais produção e de mais produtividade com benefícios extensíveis a todas as ilhas”, acrescenta.