[weglot_switcher]

Advogado do Wikileaks ao JE: “É escandaloso Rui Pinto estar preso”

“Não cometeu nenhuma violência, nenhuma pessoa foi atingida na sua dignidade. A partir daí não há nenhuma razão para estar na prisão”, disse sobre o alegado hacker português o advogado que faz parte da equipa legal do delator Julian Assange.
  • 6 November 2019; Juan Branco, Legal Adviser to Julian Assange, Wikileaks, on Centre Stage during day two of Web Summit 2019 at the Altice Arena in Lisbon, Portugal. Photo by Vaughn Ridley/Web Summit via Sportsfile
6 Novembro 2019, 18h57

O advogado do fundador do site de delação Wikileaks deixou fortes críticas à forma como a justiça portuguesa está a tratar o alegado hacker Rui Pinto, que atualmente se encontra em prisão preventiva.

Juan Branco faz parte da equipa legal que tenta evitar a extradição do fundador do Wikileaks do Reino Unido para os Estados Unidos. Julian Assange encontra-se atualmente preso e aguarda uma decisão da justiça britânica, correndo o risco de passar 175 anos na prisão nos EUA por revelar documentos confidenciais relativos à guerra do Iraque e do Afeganistão através da plataforma Wikileaks.

“É um escândalo estar preso. Ele só revelou documentos verdadeiros que permite compreender melhor um dos sistemas mais corruptos, que é o futebol”, disse o advogado em entrevista ao Jornal Económico esta quarta-feira na Web Summit.

“Podia-se discutir esta questão num processo cível, mas estar em prisão é escandaloso. Não cometeu nenhuma violência, nenhuma pessoa foi atingida na sua dignidade. A partir daí não há nenhuma razão para estar na prisão”, afirmou Juan Branco, advogado sediado em França.

“Os jornalistas falam todos os dias com pessoas como o Rui Pinto, é assim que conseguem revelar segredos, através da coragem de pessoas como ele. Tomou um risco cego, para o público ter a capacidade de compreender coisas. Os jornalistas portugueses deviam sentir uma responsabilidade importante e mobilizar-se para protegerem-se a eles mesmos”, destacou durante a entrevista que decorreu em português, devido ao jurista ter ascendência portuguesa.

Sobre o confisco do diário do alegado hacker na prisão, Juan Branco considera que esta é uma “maneira de intimidar” e deixar Rui Pinto “sem nenhum espaço de liberdade”.

“É vergonhoso para Portugal. Há uma solidariedade internacional por ele e há pessoas no mundo inteiro a pensarem nele”, afirmou.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.