O Departamento de Estado norte-americano voltou esta quarta-feira a recusar a intenção de Ashraf Ghani, ex-presidente do Afeganistão, de intervir na crise política do país tomado pelos talibã.
“Ele [Ashraf Ghani] já não é uma pessoa importante no Afeganistão”, disse esta quarta-feira aos jornalistas a secretária de Estado adjunta norte-americana, Wendy Sherman, recusando-se a comentar a decisão dos EUA de lhe conceder asilo, depois de ter fugido do país no domingo, antes da ocupação de Cabul pelos talibã.
Ghani disse durante quarta-feira apoiar negociações entre os talibã, que tomaram o poder em Cabul, e antigos altos funcionários, acrescentando que está “em conversações para regressar” ao país, após ter fugido para os Emirados Árabes Unidos.
“Apoio a iniciativa do governo de negociar com [o ex-vice-Presidente] Abdullah Abdullah e o ex-Presidente Hamid Karzai. Desejo sucesso a este processo”, afirmou, através da rede social Facebook.
Ashraf Ghani enviou uma mensagem de vídeo aos compatriotas, a partir dos Emirados Árabes Unidos, país que horas antes tinha confirmado tê-lo recebido por “razões humanitárias”.
O embaixador do Afeganistão no Tajiquistão acusou esta quarta-feira o antigo Presidente de ter desviado 169 milhões de dólares (142 milhões de euros) de fundos estatais e apelou à detenção de Ghani.
Os talibã conquistaram Cabul no domingo, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
A tomada da capital pôs fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.
Face à brutalidade e interpretação radical do Islão que marcou o anterior regime, os talibã têm assegurado aos afegãos que a “vida, propriedade e honra” vão ser respeitadas e que as mulheres poderão estudar e trabalhar.
Na terça-feira, os chefes da diplomacia da UE decidiram avançar com a retirada de civis e diplomatas do Afeganistão, nomeadamente cidadãos europeus, devido à “situação perigosa” que o país enfrenta.
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