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Agência de ‘rating’ espanhola baixa perspetiva de Portugal de “estável” para “negativa”

Na sua revisão semestral da classificação creditícia de Portugal, os analistas da Axesor Rating preveem uma contração da economia portuguesa que poderá superar os 9,4% no final de 2020, sendo esta quebra acompanhada da deterioração do mercado laboral, com uma taxa de desemprego estimada em 11,6% no final do ano (face aos 6,5% de 2019).
6 Julho 2020, 13h54

A agência de notação financeira espanhola Axesor manteve hoje a classificação não solicitada de Portugal em ‘BBB+’, mas baixou a perspetiva de “estável” para “negativa” devido ao impacto previsto da pandemia na economia e no endividamento público.

Na sua revisão semestral da classificação creditícia de Portugal, os analistas da Axesor Rating preveem uma contração da economia portuguesa que poderá superar os 9,4% no final de 2020, sendo esta quebra acompanhada da deterioração do mercado laboral, com uma taxa de desemprego estimada em 11,6% no final do ano (face aos 6,5% de 2019).

Apontando a elevada dependência do país face aos setores dos serviços, turismo e comércio internacional, a agência espanhola aponta o “elevado nível de dívida pública” de Portugal, “que poderá mesmo superar os 136% no final de 2020”, e antecipa uma “importante deterioração das finanças públicas portuguesas, com o excedente orçamental de 0,2% de 2019 a passar a um défice superior a 7% no atual exercício.

Ainda assim, a agência espanhola aponta uma “melhor situação face a crises anteriores, em resultado do importante processo de consolidação fiscal e da correção do mercado laboral observada nos últimos anos”.

“Consideramos que a perspetiva da nossa classificação de crédito da República Portuguesa poderá melhorar se a deterioração do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo semestre for notavelmente inferior ao previsto, a recuperação da economia em 2021 acontecer a um ritmo muito superior ao estimado (6,3%) e as finanças públicas continuarem na senda de consolidação fiscal e redução da dívida que vinha acontecendo até agora”, sustenta.

Face ao impacto da crise sanitária, a Axesor aponta para um aumento de 9% dos gastos, acompanhada de uma redução na ordem dos 6,2% das receitas, sobretudo devido à redução desta com impostos sobre a produção e importações, em resultado da pandemia.

Ainda assim, a agência admite que esta situação poderá ser mitigada quando chegarem as ajudas do Fundo de Reconstrução Europeu, prevendo uma recuperação das receitas em 2021, com uma subida de 6,4%.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 531 mil mortos e infetou mais de 11,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal morreram 1.614 pessoas das 43.897 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

 

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