O advogado Agostinho Pereira de Miranda considera que a situação de pandemia em que o mundo se encontra pode fazer com que se assista a uma subida exponencial da taxa de desemprego e à falência de muitas pequenas e médias empresas em Portugal.
“É uma ilusão pensar que podemos desligar a economia e voltar a ligá-la daqui a dois meses, retomando «os nossos hábitos», como referiu há dias Mário Centeno. O acordar deste pesadelo vai ser lento e traumático”, afirmou ao Jornal Económico (JE).
Para o fundador da sociedade Miranda & Associados, o Governo liderado por António Costa está fazer aquilo que é possível – que, ainda assim, é pouco, mesmo contando com as moratórias nos pagamentos dos créditos bancários. “O Estado espanhol, por exemplo, está a fazer mais, mas a sua dívida é consideravelmente menor do que a nossa”, refere.
Agostinho Pereira de Miranda elogia o novo programa de compra de ativos de 750 mil milhões de euros do Banco Central Europeu (BCE) para apoiar as entidades bancárias e empresas de maior dimensão, mas sugere à instituição liderada por Christine Lagarde que proponha um programa estatal de crédito universal a indivíduos, famílias e empresas.
“Por agora a crise poderá ainda resolver-se com dinheiro. Mas se a Europa não for mais solidária e ambiciosa, a emergência sanitária que estamos a viver poderá resvalar progressivamente para uma tragédia económica, social e até política”, argumenta o advogado, que receia que o BCE continue “a utilizar remédios velhos para doenças novas”. “Com algum azar, será mais do mesmo: privatizar lucros e socializar perdas. Os resgates de setores privilegiados da economia são profundamente divisionistas para a sociedade, como se viu com a banca na crise de 2008”, explica Agostinho Pereira de Miranda ao JE.
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