O preço do azeite desceu no mercado de Espanha e coloca os agricultores em alerta máximo, segundo avança uma reportagem do jornal ‘El Economista’. De acordo com os últimos dados disponíveis, o custo do azeite virgem extra desceu 54,1% face aos máximos de janeiro de 2024, de 8,95 para 4,1 euros; o do azeite virgem desceu 55%, de 8,5 para 3,8 euros e o normal desceu até 57,6%, de 8,5 para 3,6 euros.
Embora o preço do azeite ainda esteja a níveis de mais do dobro do que se encontrava no início de 2021, quando a subida começou como resultado da seca, a queda acentuada que agora se regista fez com que as organizações agrícolas começassem a mobilizar-se. Uma das primeiras a agir foi a Coag Andalucía, que pediu ao governo, refere o jornal, que abrisse uma investigação na concorrência para detetar possíveis acordos de compra e venda devido. A suspeita é que o retalho esteja a forçar a baixa dos preços, mesmo abaixo dos custos de produção.
Juan Luis Ávila, chefe de Olivar da COAG, refere, citado pelo ‘El Economista’, que “tudo indica que está a ocorrer uma queda artificial do preço e faz-nos suspeitar que possam estar a ser feitos acordos comerciais para isso”. “Se tivéssemos provas, já teriam sido reportadas, mas não temos meios para aceder a elas, por isso exigimos que a Concorrência investigue os factos”, acrescenta.
Perante estas suspeitas, as cooperativas agroalimentares explicaram recentemente em comunicado que “há um grande número de agricultores que tomam a decisão individual de vender o seu azeite”. Segundo a organização, “num contexto de incerteza e de queda de preços, a tendência natural destes agricultores é vender o mais rapidamente possível para tentar beneficiar dos preços antes que caiam, o que faz com que os compradores, confrontados com esta oferta massiva atrasem as suas compras”.
O facto é que nas prateleiras dos supermercados, onde o azeite chegou a custar mais de 12 euros por litro, o azeite suave já se encontra por 5,85 euros e o virgem ou virgem extra custa menos de sete euros pela primeira vez em muito tempo . Tudo indica também que o preço vai continuar a baixar porque as expectativas de produção para a nova campanha que arrancou em outubro passado são muito positivas. As previsões indicam que poderão ser atingidos 1,4 milhões de toneladas, o que terá impacto direto nos preços, embora segundo o que alertam no setor, tudo dependerá de haver ou não água suficiente.
Em Espanha, a produção média de azeite é de 1,2 milhões de toneladas por ano. Nas duas últimas campanhas, a seca provocou uma quebra acentuada, caindo em 2022/2023 para um mínimo de 664 mil toneladas. Na última campanha, encerrado em outubro passado, a situação começou a alterar-se graças a um clima mais favorável, sobretudo devido às chuvas registadas na primavera, a produção situou-se nas 851 mil toneladas, 11,2% acima do previsto, mas ainda muito abaixo da média anual.
Fica-se assim à espera que o fenómeno chegue a Portugal – dado que o mercado respondeu da mesma forma às dificuldades de produção sentidas em Espanha. Os preços do azeite dispararam para níveis próximos dos 100% e com certeza que os produtores não estão interessados em passar por uma normalização dos preços depois de terem atingido volumes de vendas recorde nas campanhas mais recentes.
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