No meio do desastre generalizado, a Alemanha está a conseguir sustentar números menos terríveis que aqueles que chegam de Itália e de Espanha, mas o governo liderado por Angela Merkel sabe que o pior ainda pode estar para vir. “Seria errado tomar em demasiada consideração números que mostram uma menor taxa relativa de mortes pelo surto de coronavírus na Alemanha em comparação com outros países, já que a Alemanha ainda está no início da epidemia”, disse um porta-voz do Ministério da Saúde citado por vários jornais.
“Estamos num estágio muito inicial da epidemia na Alemanha e começámos a testar muito cedo”, disse ainda, sugerindo que os números da Alemanha incluem casos mais leves. “Outro fator possível é a demografia: até agora, na Alemanha, lidamos com pessoas infetadas relativamente jovens infectadas”.
Outra explicação que tem sido avançada reside na forma como a sociedade se divide em termos geracionais. Ao contrário do que sucede em Espanha e em Itália, os jovens alemães tendem a sair rapidamente no seio familiar para constituir uma vida própria – o que tem a ver com a capacidade financeira das famílias. A disponibilidade financeira resulta também num maior recurso às creches e outras instituições para a colocação dos filhos – em detrimento dessa outra instituição ‘sulista’ que são os avós.
Sendo precisamente os avós que constituem o grupo de risco e estando eles relativamente mais confinados mesmo em tempos de ‘paz’, esta é outra explicação avançada para se compreender os números oriundos da Alemanha.
O governo alemão anuncia um pacote de 750 mil milhões de euros para proteger trabalhadores e empresas da crise do coronavírus. Berlim prevê tomar empréstimos pela primeira vez desde 2013, quebrando a sua disciplina orçamental. “Acabar com a crise vem em primeiro lugar. Depois se verá a situação do orçamento”, disse Angela Merkel quando anunciou a decisão.
O pacote de emergência compreende uma parte para os complementos de salário dos trabalhadores que estiverem em regime de horário reduzido, auxilio de tesouraria às pequenas empresas, e garantirá empréstimos.
Entre outras medidas para conter a crise, a Alemanha quer criar um fundo de estabilização económica de 600 mil milhões de euros, oferecendo 400 mil milhões em garantias para segurar as dívidas das empresas, 100 mil milhões para empréstimos diretos ou compra de participações em empresas problemáticas, e outros 100 mil milhões para financiar o banco estatal de investimentos KfW – semelhante àquele que o governo português está a tentar criar, pela fusão do sistema de garantia mútua com outras para-financeiras estatais.
O KfW – que incorpora uma entidade semelhante à portuguesa SPGM – poderá garantir 90% do valor dos empréstimos bancários a empresas, até um total de 822 mil milhões de euros. Uma porta-voz do Ministério das Finanças disse que esse número não deve ser combinado com os 400 mil milhões de garantias do fundo de estabilização.
As medidas propostas por Olaf Scholz, ministro das Finanças alemão, obrigarão à tomada de 156 mil milhões de euros de empréstimos este ano – um orçamento suplementar recorde que ainda depende de aprovação parlamentar. O valor cobre 122 mil milhões em ajudas, mais os cerca de 33,5 mil milhões de euros de quebras de receitas tributárias.
Por seu turno, o ministro da Economia, Peter Altmaier, afirmou que a crise provocada pela Covid-19 será no mínimo “tão grave quanto a crise financeira de 2008”. De acordo com um relatório divulgado esta semana pelo influente Instituto de Investigação Económica (IFO), uma paralisação parcial da economia pode custar ao país entre 7,25% e 20,6% do PIB, além de um milhão de empregos.
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