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“Ainda não”. Powell diz que é cedo para começar a falar sobre reduzir a compra de ativos

Apesar da Reserva Federal ter revisto em alta as projeções para o crescimento e a inflação, e em baixa para o desemprego, o presidente do banco central sublinhou que é preciso ver mais progesso em relação às metas para começar a pensar numa alteração da política monetária. Sobre a subida das ‘yields’, sinalizou que a Fed não vê a tendência como preocupante.
17 Março 2021, 19h27

A Reserva Federal dos Estados Unidos acredita que é prematuro começar a discutir uma redução gradual do programa de compra de ativos, o chamado ‘tapering‘, pois pretende aguardar para ver melhorias adicionais nas condições do mercado de trabalho e na subida da inflação para a meta de 2%, afirmou esta quarta-feira o presidente da instituição, Jerome Powell.

“Ainda não”, explicou Powell, em conferência de imprensa, a uma pergunta sobre se as novas projeções de inflação de 2,4% e de taxa de desemprego de 4,5% este ano indicam que já é altura de iniciar a discussão sobre o tapering.

Os investidores e analistas têm mostrado preocupação sobre a recente subida das taxas de juro das dívidas soberanas, e aguardavam qualquer sinal sobre como a Fed vê e vai reagir a esse tendência. A subida das yields está relacionada com as expectativas de uma aceleração da inflação no verão,  que deverá ser causada pela reabertura das economias com o avançar dos planos de vacinação e o aumento do consumo por pessoas que poupararam durante a pandemia e ainda por cima receberam estímulos orçamentais.

Questionado sobre se essa subida está a ter um impacto negativo na economia e qual seria o nível de yields preocuparia Powell respondeu que a Fed monitoriza uma ampla gama de condições financeiras e está sempre atenta aos desenvolvimentos do mercado.

“Ainda estamos muito longe dos nossos objetivos e é importante que as condições financeiras permaneçam acomodatícias para apoiar o cumprimento desses objetivos. Se olharmos para os vários índices de condições financeiras, vemos que de forma geral mostram que as condições financeiras gerais são altamente acomodatícias”, vincou. “E isso é apropriado. É assim que vemos”.

“Acrescentaria, como já disse, que ficaria preocupado com as condições desordenadas dos mercados ou com um aperto persistente das condições financeiras que ameaçam a realização de nossos objetivos. Acreditamos que a postura da política monetária continua adequada”, disse.

“Progresso real, não progresso previsto”

A conferência de imprensa seguiu-se à reunião de dois dias do Federal Open Market Committee, na qual os membros decidiram manter inalterada a taxa de juro diretora, no intervalo entre 0% e 0,25%, e o ritmo de aquisições programa de compra ativos num total de 120 mil milhões dólares por mês.

“Dissemos que continuaríamos as compras de ativos nesse ritmo até vermos progresso substancial. E isso é progresso real, não progresso previsto”, referiu Powell.

“Isso é uma diferença em relação à nossa abordagem anterior. O que queremos dizer com isso é bastante direto. Queremos ver se os mercados de trabalho mudaram – as condições do mercado de trabalho mudaram, se  mostram progresso substancial em direção ao emprego máximo e a inflação fez progresso substancial em direção à meta de 2%”. adiantou.

No mercado secundário, a taxa de juro das Treasuries a 10 anos negoceia nos 1,63%, praticamente inalterada face ao nível antes da divulgação das decisões da reunião e das novas projeções económicas.

A Fed divulgou depois da reunião uma revisão em alta da projeção de crescimento da economia norte-americana para este ano, prevendo agora uma expansão de 6,5%, face à anterior projeção de 4,2%, divulgada em dezembro. O banco central liderado por Jerome Powell reviu em ligeira alta o crescimento para 2022, para 3,3%, de 3,2%, enquanto para 2023, a revisão foi em ligeira baixa, para 2,2%, de 2,4%.

As novas projeções apontam para inflação de 2,4% este ano, uma revisão em alta face aos 1,8% esperados em dezembro. Para 2022, o banco central prevê inflação de 2% (1,9% na última projeção), e de 2,1% em 2023.

Em relação ao mercado laboral, a Fed vê agora uma taxa de desemprego de 4% este ano, o que compara com 5% na projeção de dezembro. Em 2022, essa taxa deverá descer para 3,9% e em 2023 para 3,5%

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