O seu nome é Alba Renai e é a nova apresentadora de uma parte do programa Sobreviventes da televisão espanhola. A peculiaridade reside em que Alba não existe. É uma influenciadora virtual gerada por inteligência artificial (IA).

Ao vermos as imagens percebemos o quão realistas são. A IA utilizada permite reproduzir não apenas a animação realista da rapariga, mas também a voz, a fazer lembrar a polémica Sora de OpenAI, que converte instruções de texto em vídeos fotorrealistas.

Para lá de toda a tecnologia há também um storytelling que humaniza a personagem criada. Alba Renai estreou-se no Instagram em outubro de 2023 com algumas fotos não muito realistas e, portanto, facilmente reconhecíveis, embora a qualidade das imagens geradas por IA tenha melhorado muito nos últimos tempos.

Descreve-se a si própria como uma viajante, vive em Madrid e no seu perfil aparecem conteúdos que vão do desporto aos eventos sociais, da cidade ao mar, entre outros.

A incorporação de Alba enquanto apresentadora de TV é algo pioneiro na colaboração inovadora entre o entretenimento tradicional e as novas formas de comunicação digital facilitadas pela IA.

Este avanço é fascinante, mas é também assustador. Deixa-nos a pensar sobre várias questões, nomeadamente, como é que empresas dos mais diversos setores vão incorporar a IA no seu negócio de forma ética; qual o impacto da chegada de profissionais gerados por IA ao mercado de trabalho; como aproveitar o seu potencial, sendo fiel ao seu propósito enquanto organização e não ferindo suscetibilidades éticas.

É claro que, independentemente de onde se encontre uma empresa, em termos de trajetória de incorporação desta tecnologia, a IA (e a IA generativa em particular) está a precipitar uma transformação em grande escala, num um ritmo alucinante, que dependerá de marcos regulatórios legais, ainda não definidos na sua totalidade.

Na fase em que estamos imersos, o sucesso da sua implementação tem uma relação muito próxima com as pessoas e o fator humano. Isto é, a adoção e implementação com êxito da IA generativa será o resultado de aplicações com intervenção humana na tecnologia e a sua utilização nas empresas.

Contudo, não devemos esquecer outro ponto de vista primordial, como o impacto cada vez mais influente da IA na sociedade. Apesar de todo o entusiasmo em torno do tema, há perguntas que permanecem sem resposta, entre elas, como se regulará a IA para as gerações futuras e para o mercado de trabalho.