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Alemanha: conservadores e social-democratas chegam a acordo de governo

Ao cabo de várias semanas de negociações, a CDU e o SPD chegaram finalmente a um acordo que abre as portas à formação de um governo conjunto, com os contornos ainda não totalmente definidos.
HANNIBAL HANSCHKE/EPA via Lusa
10 Abril 2025, 07h00

Após seis semanas de negociações – mais do que os anunciados 10 dias que era suposto terem demorado – os democratas-cristãos da CDU (e os bávaros da CSU) e os social-democratas do SPD chegaram a um acordo que permitirá a criação do próximo governo alemão, liderado por Friedrich Merz.

Os líderes da CDU e do SPD apresentaram, na tarde desta quarta-feira, os resultados e os acordos alcançados nas conversações da coligação. Foram também anunciadas as nomeações para os ministérios centrais – sendo que, para já, e segundo a imprensa germânica, o elenco ministerial ainda não está totalmente preenchido.

Segundo as mesmas fontes, o SPD irá assumir, entre outros, o Ministério das Finanças, o Ministério da Defesa e o Ministério da Justiça – ficando assim com duas pastas que se afiguram centrais, dadas as prioridades que o contexto político e económico germânico e europeu determinam. O Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Ministério da Economia e o Ministério da Saúde, entre outros, ficarão a cargo da CDU – com a CSU a responder pelo Ministério do Interior.

Lars Klingbeil (SPD) tornar-se-á ministro das Finanças e vice-chanceler. Johann Wadephul (CDU) é considerado um possível ministro dos Negócios Estrangeiros. Alexander Dobrindt (CSU) é apontado como ministro do Interior e Dorothee Bär (CSU) como ministra da Educação. Boris Pistorius (SPD) poderá manter-se como ministro da Defesa, cargo ao qual acedeu no governo anterior, liderado pelo anterior chanceler, o social-democrata Olaf Scholz.

Sobre o acordo de coligação, Merz disse que “será um texto diferente daquele que muitos esperavam nos últimos dias”. “A Alemanha terá um governo capaz de agir. Sabemos o que está em jogo. Queremos e ajudaremos a moldar a mudança global na Alemanha. O acordo é um sinal de mudança e um sinal poderoso para o nosso país: o centro político do nosso país é capaz de resolver os problemas que enfrentamos”, referiu.

Do seu lado, o líder do SPD, Lars Klingbeil, disse que “estamos a perceber que o mundo está atualmente em reorganização. Esse foi um fio condutor que percorreu todas as negociações da coligação. Não se trata de mudar tudo, mas sim de mudar as coisas certas e fazer os ajustes certos”.

Klingbeil prometeu investimentos em infraestrutura, segurança e futuro. “E, no entanto, também deixámos claro durante as negociações: dinheiro por si só não basta, deve ser usado com sensatez, eficácia e no interesse dos cidadãos. Os políticos devem ter mais confiança nas pessoas e nas empresas. Nem tudo precisa ser regulamentado até ao último detalhe”.

Já o líder da CSU, Markus Söder, elogiou a cooperação entre os negociadores: “No final, valeu a pena. O que temos pela frente é a resposta para as perguntas do nosso tempo. Este acordo de coligação pode tornar-se um pequeno best-seller. Cada frase é ‘pura política'” e “um sinal para os outros países de que a Alemanha está de volta”. De acordo com Markus Söder, o acordo retira a Alemanha da defensiva em termos de política externa.

Baixar impostos, suspender a reunificação familiar de imigrantes a viver na Alemanha, aliviar os custos da energia para as empresas, regras mais apertadas para a atribuição de subsídios sociais e a criação de um Conselho de Segurança Nacional são algumas das propostas incluídas no âmbito do acordo, e que agora deverão seguir para a proposta de programa de governo que será apresentada ao Parlamento.

Recorde-se que, na sequência das eleições de 23 de fevereiro passado, o parlamento conta com 208 deputados da CDU e da CSU (164 mais 44), a extrema-direita da AfD com 152, o SPD com 120, os Verdes com 85, Die Linke (A Esquerda) com 64, e o SSW com um.

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