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Alemanha e EUA: mercados financeiros de mãos dadas mas com futuro incerto

Os índices bolsistas da Alemanha (DAX) e Estados Unidos (S&P 500, Dow Jones e Nasdaq) têm apresentado uma grande correlação, de acordo com os dados fornecidos pela XTB ao JE. Perspetivas futuras sobre a direção em que vão rumar estes índices bolsistas apresentam “grande incerteza” salienta a corretora.
21 Novembro 2024, 12h54

As grandes potências económicas do continente europeu e norte-americano, Alemanha e Estados Unidos da América, para além do seu poderio económico têm também traços em comum nos mercados financeiros. Isto porque o índice bolsista alemão (DAX) e os índices bolsistas norte-americanos (S&P 500, Dow Jones, e Nasdaq) têm apresentado um grande nível de correlação entre si, de acordo com os dados fornecidos pela corretora XTB ao Jornal Económico.

Pelo menos desde 2019 que os índices bolsistas da Alemanha e dos Estados Unidos têm remado no mesmo sentido, indicam os dados da XTB, embora os Estados Unidos consigam correr mais rápido que os alemães, nos períodos de expansão e com os alemães a levarem vantagem em períodos de contração.

Entre 2019 e 2024 o DAX, o S&P 500, e o Nasdaq apresentaram o seguinte comportamento:

Ano DAX Nasdaq
2019 25,48% 41,66%
2020 3,55% 35,93%
2021 15,79% 37,86%
2022 -12,35% -28,39%
2023 20,31% 49,32%

Fonte: XTB

Ano DAX S&P 500
2019 25,48% 34,01%
2020 3,55% 8,39%
2021 15,79% 39,44%
2022 -12,35% -13,04%
2023 20,31% 21,90%

Fonte: XTB

DAX e Dow Jones

O analista da XTB, Vítor Madeira, questionado sobre os motivos que explicam esta correlação entre o mercado financeiro da Alemanha e dos Estados Unidos, salienta que o poderio da economia americana acaba por ter um “impacto direto” nas principais economias mundiais.

“O facto de a economia americana estar a crescer, só por si, já tem impacto positivo no crescimento das economias mais desenvolvidas”, explica o analista da XTB.

Referindo-se à composição do índice bolsista norte-americano Dow Jones, Vítor Madeira salienta que as empresas cotadas nesse índice “têm as suas operações espalhadas por todo o globo”, enquanto que no caso do DAX “estamos a considerar as empresas mais fortes da Alemanha que também têm as suas operações espalhadas pelo mundo, principalmente entre a Europa e os Estados Unidos”.

Tendo isto em conta, Vítor Madeira considera que é normal que os índices bolsistas dos Estados Unidos e da Alemanha “estejam fortemente correlacionados”, acrescentando que para além disso o próprio sentimento dos investidores a nível mundial “é quase sempre conduzido” pelo sentimento americano.

Relativamente às perspetivas futuras para os índices bolsistas alemão e norte-americanos, Vítor Madeira refere que nesta fase existe uma “grande incerteza” quanto ao futuro, pois existem “muito fatores que podem influenciar” o desempenho da bolsa, onde se inclui por exemplo a situação geopolítica mundial, novas políticas governamentais (particularmente com a eleição de Donald Trump para o cargo de presidente dos Estados Unidos), inflação mundial, política monetária dos principais bancos centrais, abrandamento da economia chinesa, resultados das principais empresas com crescimentos mais moderados e a revolução tecnológica ligada à Inteligência Artificial (AI).

“Deste modo, todas estas métricas mencionadas vão conduzir o desempenho da bolsa pelo menos nos próximos 12 meses”, explica o analista da XTB.

“O que o mercado tem demonstrado é que a expectativa para os índices europeus é mais fraca em termos de crescimento em relação aos índices americanos, no entanto, não é possível confirmar se tal vai acontecer ou não”, acrescenta Vítor Madeira.

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