O bilionário e futuro membro da administração norte-americana, Elon Musk, está a ser alvo de diversas críticas de políticos alemães – tanto do governo como da oposição – por te publicado um texto de opinião em que apoia o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD). O apoio de Musk ocorre no momento em que os alemães se preparam para votar antecipadamente em 23 de fevereiro, depois de o governo de coligação liderado pelo chanceler Olaf Scholz entrar em colapso. O comentário replicado em alemão no jornal ‘Welt am Sonntag’ revela que Elon Musk elogiou a abordagem do partido em relação aos impostos e à desregulamentação do mercado financeiro.
Friedrich Merz, líder da oposição democrata-cristã (CDU) e atual favorito para suceder a Scholz como chanceler, disse em entrevista citada pela agência Reuters que “não consigo lembrar-me de um caso comparável de interferência na história das democracias ocidentais, na campanha eleitoral de um país amigo”. Merz descreveu o comentário de Musk como “intrusivo e pretensioso”.
Saskia Esken, co-líder dos social-democratas (SPD) de Scholz, prometeu resistência feroz às tentativas de influenciar as eleições da Alemanha. “No mundo de Elon Musk, a democracia e os direitos dos trabalhadores são obstáculos para mais lucro”, disse Esken à Reuters. “Dizemos muito claramente: a nossa democracia é defensável e não pode ser comprada.”
A AfD está em segundo lugar nas sondagens sobre intenções de voto e pode ser capaz de frustrar uma maioria de centro-direita ou centro-esquerda que possa desenhar-se depois das eleições antecipadas. Os principais partidos do centro do espectro político da Alemanha comprometeram-se a evitar qualquer apoio da AfD a nível nacional – mas a CDU já rompeu (ou tentou) o ‘cerco sanitário’ aos extremistas na sequência de algumas eleições regionais.
Segundo a média das sondagens da responsabilidade do site ‘Politico’, o segundo lugar dos extremistas está a ficar cada vez mais curto – uma vez que o SPD de Olaf Scholz está a dar mostras de recuperação. No início do ano, a margem de avanço da AfD em relação ao SPD (que segue em terceiro lugar nas intenções de voto) chegou a ser de sete pontos percentuais (22% contra 17%), mas a última amostra refere que os dois partidos estão separados por apenas dois pontos (19% contra 17%). Esta aproximação levanta a esperança, referem os jornais alemães, de que Olaf Scholz (que será a ‘cara’ do partido na campanha para as eleições antecipadas) não passe pela ‘vergonhas’ de ficar atrás do partido de extrema-direita.
Mesmo assim, a influência da AfD será com certeza elevada, transformando as suas propostas numa alternativa política que as formas do centro não vão poder deixar totalmente de parte. Aliás – e tal como sucede em Portugal – vários críticos já disseram que tanto a CDU como o SPD já dão mostras de estarem ‘contaminados’ pela agenda dos extremistas. Curiosamente, a área é a mesma que em Portugal: a segurança interna. Para os analistas germânicos, o fecho decidido há algumas semanas de uma das fronteiras por onde mais imigrantes ilegais entram na Alemanha, uma decisão da coligação liderada por Scholz, é disso a prova mais evidente.
Ainda no que diz respeito às intenções de voto, o quarto lugar parece estar assegurando pelos Verdes. A seguir, com cerca de metade das intenções de voto (13% e 6%), surge a extrema-esquerda do novo partido (Aliança Sahra Wagenknecht). Só depois é que surgem os liberais do FDP, que faziam parte da coligação ‘destroçada’ e a esquerda do Die Link – ambos para já abaixo do limite mínimo dos 5%, o que implicaria que não teriam direito a lugares no parlamento federal germânico.
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