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Alemanha: Principal índice bolsista já reflete impacto das eleições de domingo

O principal índice alemão (DAX) tem registado uma valorização superior a 13% desde o início do ano, mesmo com eleições já marcadas para 23 de fevereiro.
20 Fevereiro 2025, 13h03

A valorização do principal índice bolsista alemão, o DAX, é uma realidade – mas a explicação para isso pode não ser fácil, segundo afirma um research da consultora XTB.  “A valorização do DAX pode refletir a expectativa dos investidores de que o próximo governo venha a assumir uma posição favorável às empresas. Em contrapartida, especula-se sobre um possível agravamento da recessão na principal economia europeia, o que levaria o Banco Central Europeu (BCE) a adotar medidas de estímulo monetário”, refere.

Ainda assim, “a ausência de uma queda significativa nas taxas de juro das obrigações do tesouro alemão, em paralelo com a valorização do DAX, sugere que esta última especulação pode ser um fator, mas não é suficiente para explicar a subida do índice. Independentemente da justificação para os ganhos recentes, a questão premente reside na sua continuidade após as eleições de domingo”.

A XBT considera vários fatores que é necessário levar em consideração, desde logo aquilo que as sondagens podem permitir antever. E que basicamente são os seguintes: a CDU/CSU (democratas cristãos) deverá ganhar as eleições, conseguindo entre 28% a 30% dos votos; a AfD (extrema-direita) deverá ficar entre os 20 e os 24%; o SPD (social-democratas) com cerca de 15%; o Partido Verde Alemão com cerca de 13%; tanto o FDP como o Partido da Esquerda e o BSW estão em risco de não eleger um representante para o Bundestag (o parlamento).

Assim, “a probabilidade de vitória da CDU/CSU poderá ser a resposta para o otimismo dos investidores em relação ao DAX, dada a tradicional defesa da estabilidade económica por parte dos conservadores. Um governo liderado pela CDU/CSU poderia implementar benefícios fiscais, menos burocracia e alocação de capital em infraestruturas e tecnologia, potencialmente impulsionando o mercado a longo prazo”.

No entanto, diz a consultora, é relevante considerar dois aspetos que contrariam uma primeira reação de alta: o DAX já registou uma subida acentuada no período que antecedeu as eleições, o que aumenta a probabilidade de um recuo de preços a curto prazo; um resultado forte por parte da AfD, que apenas permitiria à CDU formar uma maioria governamental com o SPD e o Partido Verde, criaria incerteza política e, em combinação com os fortes ganhos do DAX nos últimos tempos, iria favorecer a realização de lucros. Para analisar o segundo ponto, “é importante ter em conta que o candidato a chanceler da CDU, Friedrich Merz, excluiu categoricamente uma coligação com a AfD.

Em termos de ações individuais, “antecipa-se um foco na Rheinmetall [grupo com presença no setor automóvel e de defesa, sediada em Dusseldorf], que tem demonstrado uma valorização expressiva, face à possibilidade de um aumento contínuo nas despesas com defesa sob um governo CDU/CSU”.

Já a Siemens surge como um ativo potencialmente atrativo para os investidores, face à sua diversificação setorial, “nomeadamente pelo foco em infraestruturas e automação industrial. A implementação de políticas governamentais focadas no investimento em infraestruturas poderá beneficiar o desempenho da empresa. Adicionalmente, a exposição da Siemens a projetos internacionais, conjugada com a estabilidade política interna, poderá otimizar a sua atividade comercial a nível global”, conclui a XTB.

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