O Governo anunciou hoje que o Algarve vai receber investimentos na ordem de 430 milhões de euros, a partir de várias fontes de financiamento, para combater a falta de água na região austral do país.
Do total, 260 milhões de euros “já estão assegurados”, com 237 milhões a terem origem no PRR. “Contempla a dessalinizadora de Albufeira, a ligação de resiliência entre o Sotavento e o Barlavento, a tomada de água do Pomarão, a reutilização de águas nos golfes”, disse hoje a ministra do Ambiente e da Energia em audição no Parlamento, assumindo que este envelope vinha já do anterior Governo.
Outros 103 milhões de euros são investimentos para “essencialmente reforçar o trabalho para reduzir perdas e para reutilização da água tanto na indústria, turismo e agricultura”.
Maria da Graça Carvalho destacou que ao nível do programa PT2030 existem outros 66 milhões “só para água”, com outros financiamentos a terem origem no Fundo Ambiental.
Na sua intervenção, destacou que a região tem verificado uma “seca duradora nos últimos nove anos” e definiu cinco objetivos prioritários: (i) a “falta de água é prioridade, aumentar a eficiência hídrica, a melhor solução é gastar menos”; (ii) “reduzir perdas de água no sistema de abastecimento público e agrícola, ainda há um grande número de perda no Algarve e em todo o país”; (iii) “promover a utilização de água residual nas regas de jardins, lavagens e agricultura”; (iv) “reforçar a resiliência de sistemas hidráulicos através de interligações existentes e próximas”; (v) “aumentar a capacidade de infraestruturas existentes”.
“Se não forem suficientes, há a necessidade de novas infraestruturas. O investimento surge como potenciador destes objetivos. O Governo quer garantir a segurança e abastecimento da água, o bem-estar da população e a viabilidade dos sectores económicos, como a agricultura e turismo”, segundo a governante.
O Algarve tem um consumo total anual de 200 hectómetros cúbicos (hm3), com o consumo urbano a atingir os 76 hm3 por ano, com a maioria do consumo a ir para a agricultura (60%).
Recordando as restrições que foram colocadas em prática em fevereiro, a ministra destacou que no primeiro trimestre houve “condições de chuva favoráveis”, com as reservas de água a aumentarem no país em quase 20 pontos em maio face a setembro para 87%. No Algarve, aumentaram 20 pontos no mesmo período para 42%.
“Os volumes armazenados nas albufeiras da região aumentaram para 84 hm3. Todos os sectores têm feito um esforço de poupança de água tanto na agricultura como no turismo”, com o Governo a decidir aliviar as medidas de restrição com base nos cenários da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). “Qualquer dos cenários garantia um ano de consumo de água mesmo que não voltasse a chover”.
A redução passou de 15% para 10% no sector urbano, agricultura e turismo: 2,65 hm3 no urbano, 3,14 hm3 no sector agrícola, 4,17 hm3 no turismo.
“Temos margem de segurança, mas é preciso acautelar cenários adversos. Estas medidas vão ser sujeitas a monitorização contínua permanente. As medidas vão ser avaliadas de dois em dois meses. Durante agosto terá de haver reavaliação, poderá haver a decisão de reajustar medidas no fim de agosto”,
“Temos um conjunto de investimentos para o Algarve, temos uma expetativa positiva, vários já tem avaliação de impacte ambiental positiva, outros têm concurso aberto para adjudicação”, salientou.
A ministra também destacou a campanha promovida pelo sector do turismo (save the water) para poupar água entre os visitantes do Algarve, e um selo para sinalizar os hotéis com boas práticas de poupança de água.
“Não vamos discutir mais, vamos executar o mais rapidamente possível. Esta é uma oportunidade única. Não vai haver outro PRR, temos prazos muito curtos, é essencial a execução rápida”, rematou Maria da Graça Carvalho.
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