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Alterações Climáticas: ”Por cada dólar investido em medidas de prevenção, poupa-se, em média, cinco dólares em esforços de recuperação”

Artur Lucas, Diretor de Comunicação e Marketing da Zurich Portugal reflete sobre a importância das empresas gerirem os impactos das alterações climáticas. Numa entrevista ao JE, o diretor sublinha que face às alterações climáticas, ”desenhar um novo equilíbrio que evite a vulnerabilidade das pessoas, famílias, comunidades, bens e das empresas é mais importante do que nunca”.
18 Dezembro 2018, 07h45

Em tempos em que o tópico de maior destaque são as alterações climáticas é importante refletir sobre os possíveis cenários que poderão ocorrer em solo europeu; o aumento extremo da temperatura, a diminuição da precipitação, o aumento da temperatura dos oceanos, o aumento do risco de incêndios florestais e a diminuição do valor económico das florestas são alguns dos possíveis cenários que os especialistas prevêem para as próximas décadas.

A responsabilidade para evitar uma catástrofe ambiental cai não só sobre os hábitos da nossa sociedade, como também sobre as empresas e os governos, ”este é um assunto que tem de ser tratado entre as autoridades mundiais e nacionais, numa prespectiva multistakeholder”, sublinha Artur Lucas, Diretor de Marketing e Comunicação da Zurich Portugal.

Numa entrevista ao Jornal Económico (JE) sobre de que maneira as empresas podem gerir os impactos das alterações climáticas, tendo em conta a recente Cimeira do Clima em Katowice, na Polónia, o Artur Lucas, afirma que ”as alterações climáticas afetam todo o planeta e os seus efeitos vão atravessar as próximas gerações” e que cabe às ”empresas, ONGs e cidadãos [darem] o seu contributo, sendo que este passa por uma profunda transformação na forma como vivemos, nos movemos e como gastamos o nosso dinheiro”.

Os fenómenos climáticos extremos estão entre os cinco maiores riscos identificados pelos empresários portugueses consultados para o estudo ”Riscos Regionais dos Negócios 2018” lançado recentemente pelo Fórum Económico Mundial, em colaboração com Grupo Zurich e a Marsh & McLennan Companies. ”Desenhar um novo equilíbrio que evite a vulnerabilidade das pessoas, famílias, comunidades, bens e das empresas é mais importante do que nunca”, vinca.

Numa análise mais aprofundada, a Zurich desenvolveu um relatório intitulado de ”Gerir os Impactos das Alterações Climáticas: Respostas à Gestão de Risco”, que apresenta soluções de gestão de risco, recomendações e estratégias para as empresas fazerem face aos desafios globais do clima. A seguradora sugere que sejam implementadas medidas de prevenção com base em três passos: identificar os maiores riscos empresariais e estratégicos a longo prazo, desenvolver uma visão minuciosa dos riscos, incluindo as sucursais, e desenvolver uma estratégia de mitigação, envolvendo seguros e resiliência, bem como implicações estratégicas para os modelos de negócio.

O estudo vem no sentido de apresentar recomendações e ferramentas de gestão de risco que são ”muito relevantes para as empresas refletirem sobre a sua exposição ao risco das alterações climáticas e para tomarem as medidas necessárias para aumentarem a sua resiliência aos fenómenos que delas decorrem”, explica Artur Lucas em declarações ao JE.

”A aplicação desta estratégia reside no princípio de que a prevenção é a melhor proteção, uma vez que os custos de adaptação aos efeitos das alterações climáticas podem ser significativamente inferiores aos custos dos danos causados. É, portanto, fundamental que as empresas conheçam os seus riscos climáticos, definam prioridades de ação e implementem uma estratégia de adaptação às alterações climáticas”,

Um bom exemplo do peso destes custos são os Estados Unidos, que antecipam gastar centenas de milhares de milhões de dólares até o final do século, prejudicando vários setores desde a saúde humana até infraestrutura e produção agrícola.

https://jornaleconomico.pt/noticias/novo-relatorio-governamental-contradiz-trump-e-preve-que-alteracoes-climaticas-vao-afetar-a-economia-norte-americana-381452

Essa realidade poderá ser uma para a Europa, e Lucas afirma que ”face a estes cenários e traduzindo com exemplos práticos é muito provável que fenómenos como ondas de calor, tempestades, furacões, inundações e deslizamentos de terras venham a afetar fortemente as infraestruturas de apoio à economia europeia, como é o caso das auto estradas, pontes, aeroportos, barragens, edifícios, armazéns e, mesmo, o funcionamento das cidades”, explica.

No entanto, aos olhos da Zurich, esta despesa por parte das empresas para o combate às alterações climáticas, deve ser vista como um investimento, que beneficiará não só a própria empresa, como também as comunidades e que poderá resultar na previsível poupança de vidas e rotinas. ”Por cada dólar investido em medidas de prevenção, se poupa, em média, cinco dólares em esforços de recuperação”, clarifica o diretor.

”A tendência mundial é desvalorizar a prevenção e canalizar os esforços para a recuperação dos danos, mas há que inverter esta realidade”, realça o diretor. ”A prevenção e proteção devem ser encaradas como um investimento que resulta em benefícios múltiplos e não como um custo”, remata.

Para que estas medidas sejam implementadas, é importante que o modelo de negócios de cada empresa seja revisto, ”é muito provável que muitos agentes económicos tenham de alterar a sua atividade para sobreviverem a esta profunda alteração de hábitos que se avizinha. A forma como as empresas se vão adaptar vai variar de empresa para empresa, de setor para setor e de região para região, mas a estratégia de três passos da Zurich pode ser uma importante ajuda nesse processo de reflexão, definição de prioridades e de ação”, explica.

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