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Ana Gomes avalia atuação de Carlos Costa como “péssima”

A socialista regressa às críticas ao governador do banco central, E até António Costa não escapa ao escrutínio de Ana Gomes, que atacou genericamente todos os seus ‘inimigos’ de longa data.
8 Março 2020, 12h54

Em entrevista ao Diário de Notícias, a antiga eurodeputada socialista considera que a atuação do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, é deplorável. E por várias razões: “No caso Luanda Leaks é já devastadora, mas se olharmos para trás, para o caso BES… (…) Mal se soube que Ricardo Salgado era uma das pessoas que tinham recorrido ao RERT [Regime Especial de Regularização Tributária], esquema de amnistia fiscal para repatriar capitais e branquear capitais legalmente, fui uma das pessoas que questionaram como é que era possível que aquele homem continuasse a ter a idoneidade reconhecida pelo Banco de Portugal para ser banqueiro”.

As críticas não são novas, mas Ana Gomes insiste no tema: “O Banco de Portugal só não agiu mais cedo porque não quis. Há muito tempo que o Banco de Portugal tinha dados para ter intervindo no caso do BES e não o fez. Quando interveio, do meu ponto de vista, fê-lo erradamente. A decisão aí também foi do governo da época – Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque -, no sentido de se prestarem a ser cobaias neste esquema da resolução e, depois, da venda de uma parte substancial dos ativos à Lone Star – que até hoje ninguém sabe quem é que está por trás e é outro esquema de sorver os recursos do Estado Português, dos dinheiros dos contribuintes, dos que pagam impostos, para, mais uma vez, tapar o buraco, e agora o buraco infindável do Novo Banco”.

A socialista também quis comentar a possibilidade de Mário Centeno sair do Governo. “Agora que se fala na possibilidade de o ministro Mário Centeno ir substituir o governador, só espero que o ministro Mário Centeno seja tão bom exatamente naqueles aspetos em que Carlos Costa falhou totalmente, quer na supervisão da banca quer na intervenção pelo controlo, contra o branqueamento de capitais e a criminalidade fiscal e outra. Até hoje não tenho visto essa sensibilidade nas cartas que tenho escrito ao ministro Mário Centeno”.

O Governo também esteve na mira da ex-eurodeputada: “Fui uma das vozes que defendiam que este Governo, depois das últimas eleições, devia ter trabalhado para uma geringonça 2, portanto, para um acordo que desse estabilidade e perspetivas de haver consenso para se fazerem as reformas de fundo de que o país precisa”.

Ana Gomes recordou que “foi António Costa que rejeitou fazer uma geringonça 2. Naturalmente, os nossos parceiros eram à esquerda e, designadamente, o Bloco de Esquerda que estaria disponível para isso, e outros partidos, o Livre, o PAN, etc. Naturalmente sem prejuízo de depois poder haver entendimentos que também englobassem o PSD. Escolheu não o fazer, porque prefere a negociação à queijo Limiano, caso a caso. Só que essa negociação está a falhar. Estamos a vê-lo no caso do aeroporto do Montijo”.

Vitalino Canas, os clubes desportivos em geral e o Benfica em particular também estiveram no centro das críticas de Ana Gomes na sua extensa entrevista ao DN – onde a ex-eurodeputada apoveitou também para reforçar a sua defesa do hacker Rui Pinto.

E não se esqueceu de dizer que “temos de alertar os cidadãos que têm preocupações sérias e legítimas em relação ao funcionamento do Estado, que se sentiram maltratados pela crise, que a solução não é apostar em soluções contra os partidos e a democracia, mas sim exigir aos partidos políticos e ao Estado transparência e prestação de contas. Vejo muita gente no PS com essa vontade. Sei que, infelizmente, o PS sendo um instrumento de poder é também, obviamente, um instrumento vulnerável à captura; e sei que há pessoas no PS capturadas, como há em todos os partidos de poder”. concluiu.

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