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André Ventura diz que a coligação Chega “é a primeira que vai abalar o sistema da República desde o 25 de abril”

Na sessão de lançamento da coligação que junta PPM, PPV/CDC, Chega e Democracia 21 numa candidatura às eleições para o Parlamento Europeu, o respetivo cabeça-de-lista André Ventura disse que não quer uma Europa em que “quando a França tem um défice de mais de 3,5%, não a multa, e quando Portugal tem um défice de mais 3,5%, cai em cima de nós com toda a força”.
26 Março 2019, 07h44

Foi numa exígua sala da histórica sede do Partido Popular Monárquico (PPM), na Travessa da Pimenteira, em Lisboa, que André Ventura (ex-militante do PSD) lançou ontem a sua candidatura às eleições para o Parlamento Europeu, agendadas para 26 de maio. Ventura será o cabeça-de-lista de uma coligação que junta o PPM, o Partido Cidadania e Democracia Cristã (PPV/CDC) e os movimentos Chega (liderado por Ventura) e Democracia 21 (liderado por Sofia Afonso Ferreira), os quais ainda estão em processo de formalização como partidos políticos.

Na sua intervenção perante algumas dezenas de militantes do PPM e do PPV/CDC e apoiantes dos referidos movimentos, Ventura sublinhou a componente securitária do seu projeto político. “O que eu não quero nunca mais assistir no meu país é terroristas a receber subsídio de inserção. É isso que eu nunca mais quero no meu país. O que eu nunca mais quero no meu país, é pessoas que entram sem qualquer controlo pela fronteira externa, anda por toda a Europa e chegam a matar 50, 60 e 70 pessoas, sem que nada aconteça. O que eu não quero no meu país é pessoas que vêm dos territórios onde o Estado Islâmico [Daesh] combate e podem entrar como se nada acontecesse e como se não tivessem feito nada”, afirmou o cabeça-de-lista da denominada coligação Chega.

“É essa a Europa que nós não queremos. É uma Europa que quando a França tem um défice de mais de 3,5%, não a multa, e quando Portugal tem um défice de mais de 3,5%, cai em cima de nós com toda a força”, prosseguiu Ventura, virando o discurso para o tema das regras orçamentais ao nível da Zona Euro da União Europeia (regras que determinam um limite máximo de défice público de 3% do PIB e não de 3,5% como referiu Ventura). “É essa a Europa que nós não queremos”, reforçou.

“Eu não vou desistir até que a palavra ‘Chega’ esteja em todos os parlamentos, no europeu e no nacional. E não tenham dúvidas, aqueles que pensam que nós vamos daqui para a Europa para vos deixarmos em paz. Não vamos! O que o Chega está a fazer hoje, o que esta coligação está a fazer hoje, é a primeira que vai abalar o sistema da República desde o 25 de abril”, sublinhou Ventura.

O objetivo assumido pela coligação é eleger pelo menos um deputado ao Parlamento Europeu. Algo que o PPM nunca conseguiu. Nas últimas eleições europeias, em 2014, por exemplo, obteve cerca de 18 mil votos (0,54% do total). O melhor resultado de sempre do PPM em eleições europeias data de 1987, quando a lista encabeçada pelo jornalista e escritor Miguel Esteves Cardoso conquistou cerca de 156 mil votos (2,77% do total), ainda assim não tendo conseguido eleger um único eurodeputado. Mas não ficou muito distante do Partido Renovador Democrático (PRD), fundado pelo general Ramalho Eanes, que conseguiu então eleger o cabeça-de-lista, José Medeiros de Ferreira, com cerca de 250 mil votos (4,44% do total).

 

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