O país anfitrião da cimeira climática das Nações Unidas (ONU) quer aumentar a produção de petróleo em 42% até 2030, devendo produzir quase 36 mil milhões de barris até 2050.
Isto significa que os Emirados Árabes Unidos (EAU) vão passar a produção anual de mais de mil milhões de barris para quase 1,5 mil milhões de barris.
O acelerar da produção vai prolongar-se ao longo da década de 2030, devendo começar a recuar em 2040. Em 2050, a produção deverá rondar os 850 milhões de barris por ano, abaixo dos níveis atuais.
Apenas a Arábia Saudita espera aumentar mais a produção entre 2023 e 2050, através da petrolífera estatal Saudi Aramco com 100 mil milhões de barris produzidos até 2050, segundo os dados da Rystad Energy, compilados pela Global Witness.
Mais uma polémica nesta cimeira: os EAU são o primeiro grande produtor de petróleo a receber uma COP. Ao mesmo tempo, o presidente da cimeira, Sultan al-Jaber, é também o presidente da petrolífera estatal ADNOC. Mas há mais polémicas (ver texto infra).
A ADNOC planeia mesmo produzir mais petróleo do que qualquer uma das cinco gigantes mundiais: ExxonMobil, Chevron, Shell, BP, TotalEnergies.
Só a produção da ADNOC (36 mil milhões de barris até 2050) é quase 50% superior do que as estimativas para a produção conjunta da Shell, BP e Total: 24 mil milhões de barris.
“A ADNOC tem em curso um aumento agressivo da sua produção no curto prazo, tornando-a num grande produtor mundial”, segundo a Global Witness, apontando que entre os 30 maiores produtores mundiais, apenas a Petrobras (47%) tem previsto um aumento superior face à ADNOC (41%).
Em reação, a petrolífera estatal dos Emirados Árabes Unidos disse que as projeções mostram apenas a capacidade de produzir petróleo.
Emirados queriam discutir contratos de petróleo durante COP28
A notícia chega numa altura em que discute-se na COP 28 a redução do consumo de combustíveis fósseis e depois de o evento ter começado sob polémica: o governo dos Emirados Árabes Unidos (EAU) tinha o objetivo de usar o seu papel como anfitrião para discutir contratos de petróleo e gás, segundo revelou a “BBC”.
Os documentos preparados pela equipa da EAU, que já negou esta intenção, para encontros com 27 governos estrangeiros durante a COP 28 previam conversações com a China onde seria revelado que a petrolífera estatal dos EAU, a Adnoc, estava “disposta a avaliar oportunidades internacionais no gás natural liquefeito (GNL)” em Moçambique, Canadá e Austrália.
Por outro lado, os EAU estavam dispostos a dizer a um ministro colombiano que a Adnoc estava “preparada” para apoiar o desejo colombiano de explorar os recursos fósseis do país da América Sul. Os responsáveis também estavam preparados para transmitir este apoio à exploração de petróleo e gás a outros 13 governos, incluindo a Alemanha e o Egipto. Os encontros também serviriam para explorar oportunidades comerciais para a empresa estatal de energias renováveis, a Masdar, em 20 encontros com os governos do Reino Unidos, Estados Unidos da América, França, Alemanha, Brasil, China, entre outros.
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